São Paulo – Em dia de caos nos mercados financeiros globais, a Bolsa brasileira fechou em queda de 12,17% nessa segunda-feira (9), aos 86.067,20 pontos. Foi a maior queda diária, em percentual, do Ibovespa desde 10 de setembro de 1998.
A B3 teve de acionar o circuit breaker de manhã. O mecanismo suspendeu os negócios por pouco mais de meia hora, depois de o Ibovespa ter caído mais de 10%. Após uma melhora pontual, o índice voltou a acelerar o ritmo de queda, acompanhando o mercado internacional.
Conforme a Unctad (agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento), a crise do coronavírus levará alguns países à recessão e o órgão está disposto a ajudar. “O crescimento global desacelerará para menos de 2,5% em 2020 e os impactos do coronavírus devem causar queda de US$ 2 trilhões na receita global.”
Segundo a Unctad, as economias mais afetadas por coronavírus serão as exportadoras de commodities e os bancos centrais não estão em posição de resolver a crise do coronavírus sozinhos.
No Brasil, os preços das ações estão sendo afetados fortemente pela queda no preço do petróleo no mercado internacional, a maior em um único dia desde a Guerra do Golfo, em 1991.
Na hora em que a Bolsa entrou no circuit breaker, Petrobras ON cedia 24,61% e Petrobras PN, 23,96%. A mineradora Vale recuava 10,78%. No fim do dia, a petroleira perdeu R$ 91,2 bilhões em valor de mercado, com queda de 29,68% nas ações ON e de 29,70% nas PN.
Foi a 18ª vez em que o mecanismo foi acionado desde sua adoção em 1997. A última ocasião foi em 18 de maio de 2017, por causa da delação da JBS.
Novo recorde
O dólar começou a semana batendo mais um recorde nominal – descontando a inflação – desde o Plano Real, atingindo a casa de R$ 4,79, pela manhã.
Para tentar conter a disparada, o Banco Central vendeu US$ 3 bilhões à vista das reservas internacionais ainda de manhã. À tarde, o BC vendeu mais US$ 465 milhões em novo leilão de dólares à vista.
A moeda americana fechou o dia cotada a R$ 4,7243, com aumento de 1,95%.
No mundo
O dia foi marcado por quedas em bolsas ao redor do mundo por medo sobre o novo coronavírus e como consequência da disputa de preços de petróleo entre Arábia Saudita e Rússia. O barril do tipo Brent chegou a recuar 31%, no maior tombo desde a Guerra do Golfo (1990 e 1991).
Petróleo tem maior queda desde 1991
Os contratos futuros de petróleo fecharam a segunda-feira (9) na maior queda diária desde a Guerra do Golfo, em 1991, em meio à “guerra de preços” deflagrada pela Arábia Saudita em retaliação à recusa da Rússia em concordar com cortes na produção.
Na Nymex (New York Mercantile Exchange), o petróleo WTI para abril encerrou a sessão despencando 24,58%, ou US$ 10,15, levando o barril a ser cotado a US$ 31,13. Na ICE (Intercontinental Exchange), o petróleo Brent para maio tombou 24,1%, a US$ 34,36 o barril, menor valor em quatro anos.
O pânico no mercado da commodity começou no domingo (8), quando as duas principais cotações abriram com queda de quase 30%. Na noite de sábado, a petrolífera estatal saudita, Saudi Aramco, anunciou aumento da produção e redução de preços no barril, após a Rússia vetar um acordo da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados).
A medida foi interpretada como a deflagração de uma “guerra de preços”. Segundo analistas, o objetivo da manobra seria forçar os russos a retomarem as negociações sobre cortes na produção para fazer frente ao recuo da demanda global em meio ao surto de coronavírus.