Brasília – A Operação Bastilha, desencadeada pela Polícia Civil do Distrito Federal na tarde de domingo em celas da Penitenciária da Papuda, em Brasília, apreendeu um manuscrito em poder do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula). Na mensagem, o petista fala em “visita fora do horário”. Zé Dirceu tem uma filha de sete anos.
“Chamou atenção que o caderno do José Dirceu tinha um manuscrito em que ele escreveu que teria que pedir autorização para o Luiz Estevão para ter acesso de um visitante. Ele anotou, não me lembro a frase especificamente: ‘pedir para o Luiz Estevão conseguir a visita de um menor fora do horário’. Algo neste teor, mais ou menos”, disse o delegado Fernando Cesar Costa, da Operação Bastilha.
Dirceu está na Papuda desde maio, quando o TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou recurso e abriu caminho para a execução da pena imposta a ele na Operação Lava Jato – 30 anos de reclusão.
Os agentes da Operação Bastilha fizeram buscas nas celas onde estão presos o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-senador Luiz Estevão, que divide a cela com Dirceu.
Estevão foi condenado a 26 anos de reclusão por desvios de recursos públicos nas obras do Fórum Trabalhista de São Paulo. Geddel foi preso no ano passado depois que a Polícia Federal descobriu um bunker atribuído a ele, em Salvador, com R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
As investigações sobre supostas regalias na Papuda começaram há quatro meses. “A suspeita é essa [que Luiz Estevão tenha influência na Papuda], reforçada pela cela dele que só estão ele e o Dirceu. Se a gente for ver, por exemplo, o Geddel divide a cela com mais dez presos. Ele está só com o Dirceu na cela”, relatou o delegado. “Surgiram indícios de várias regalias, acesso a itens não permitidos e informações de que ele seria o ‘dono da cadeia’, que ele seria o mandachuva.”
O delegado Thiago Boeing afirmou que “chamou atenção” Luiz Estevão estar em uma cela com apenas mais um preso enquanto a média é de sete presos por cela.
Estevão tentou se livrar de pendrives, que foram apreendidos pelos policiais.
O delegado afirmou ainda que na biblioteca da ala de Estevão havia “diversos documentos relacionados a ele, diversas pastas” e que a biblioteca “mais parecia um escritório dele”.