O Instituto Aliança Contra Hanseníase promove campanha para o Janeiro Roxo, mês dedicado ao combate da hanseníase no mundo todo. Durante o mês, serão distribuídas 4 mil fitinhas do Bonfim na cor roxa, com a inscrição “Se amarre nesta aliança”. O material de campanha já circula pelo Brasil com o intuito de mobilizar e conscientizar as pessoas em relação à existência da hanseníase e sua prevenção.
O Dia Mundial da Luta Contra a Hanseníase é lembrado sempre no último domingo de janeiro. Durante o mês, são realizadas diversas ações de mobilização médico-social como forma de chamar a atenção da população para os sinais e sintomas da hanseníase, alertando para a importância do diagnóstico precoce a fim de evitar sequelas graves.
Além de reforçar o compromisso no controle da doença, as ações da campanha também reforçam o combate ao estigma e preconceito contra a enfermidade, que tem um passado marcado pela discriminação e isolamento dos pacientes. Hoje a doença tem cura e o tratamento é 100% gratuito pela saúde pública.
Segundo Laila de Laguiche, dermatologista e fundadora do Instituto Aliança Contra Hanseníase, a importância de um mês dedicado à enfermidade se dá pela grande oportunidade de circulação de informações em torno do assunto. “Falta informação a sociedade. Por falta de conhecimento, o diagnóstico tem sido tardio e os pacientes e pessoas do convívio próximo sofrem com consequências graves, além do aumento do risco de transmissão da doença não tratada para mais pessoas”, explica. “Quando mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura e menor o risco de sequelas”.
As fitas já foram distribuídas, em conjunto com apoiadores e algumas coordenadorias estaduais de saúde, em oito estados: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão.
As pessoas que quiserem apoiar a campanha podem pegar as fitinhas em ações de conscientização e prevenção realizadas em sua cidade, tirar uma foto e marcar o Instituto nas redes sociais, no usuário @aliancacontrahanseniase.
Participam também da campanha dois centros de referência nacionais: o Credesh (Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária com ênfase em Hanseníase) e o Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru (SP). A campanha conta com o apoio da Bleymed e da Supermax, empresas ligadas ao exercício da medicina e da dermatologia, na distribuição das fitas.
Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez anos para dar os primeiros sinais. A patologia afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade.
O diagnóstico tardio pode deixar graves sequelas, especialmente a incapacidade física com deformidades em mãos e pés, podendo levar também à cegueira.
Até 1995, a hanseníase era conhecida como lepra. Em março daquele ano, entrou em vigor a Lei 9.010, que alterou a terminologia oficial, mas que não representou mudança significativa nos desafios e preconceitos vividos pelos portadores da doença.
Embora tenha cura e o tratamento ser gratuito pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a hanseníase é difícil de ser identificada.
Números alarmantes
Apesar da invisibilidade, a hanseníase faz parte de uma chocante realidade no Brasil. O Brasil concentra mais de 90% dos casos de hanseníase da América Latina, sendo o segundo país no mundo com a maior incidência, ficando atrás apenas da Índia, de acordo com a Dahw Brasil, ONG alemã de assistência a hanseniamos com 61 anos existência e atuação em 21 países.
Segundo dados do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2018 foram detectados 28.660 novos casos no território brasileiro, dentre estes, 1.705 casos em menores de 15 anos de idade. Em 2018, o Paraná registrou 550 novos casos, de acordo com números da Coordenadoria Estadual de Hanseníase.
“A hanseníase está classificada entre as doenças negligenciadas, que são doenças da pobreza, junto com leishmaniose, esquistossomose, tracoma. A rigor, todas as pessoas estão em risco. O que acontece é que a maior parte dos seres humanos apresenta uma resistência natural à doença. Portanto, mesmo entrando em contato com a bactéria que causa a hanseníase, não adoece”, afirma a dermatologista Sandra Durães, coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
Instituto Aliança contra Hanseníase
Com sede em Curitiba e projeção internacional, o Instituto Aliança contra Hanseníase – AAL, na sigla em inglês (Alliance Against Leprosy), é uma associação sem fins lucrativos que une ciência, educação e filantropia no combate à hanseníase, também conhecida como lepra. O Instituto AAL foi fundado pela dermatologista e hansenologista Laila de Laguiche, profissional com 20 anos de experiência na área, pós-graduada em Saúde Internacional e Doenças Tropicais pelo Instituto de Medicina Tropical da Antuérpia (Bélgica), representante da regional Sul e Relações Internacionais da SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia). A entidade ainda conta com uma equipe de conselheiros formada por grandes referências em hansenologia no Brasil e na América Latina.