Toledo – A novela do HRT (Hospital Regional de Toledo), que se arrasta por muitos anos, ganhou um novo capítulo. Com o avanço das obras de reforma em mais de 97% de conclusão, já passou da hora de definir a gestão da unidade hospitalar. Ontem (18), uma reunião foi realizada entre o Município de Toledo e a Sesa (Secretaria de Saúde do Paraná), para definir qual deverá ser o modelo adotado para o HRT.
As obras do hospital de Toledo se arrastam desde 2012. A estrutura chegou a ficar “pronta”, contudo, o hospital não entrou em funcionamento por problemas na execução das obras. O projeto original não foi executado conforme aprovado e várias inconformidades na estrutura e nas instalações elétricas, largura das portas e ausência de climatização, entre outros, obrigaram a administração Municipal realizar uma reforma na obra já pronta. Entretanto, não bastassem os problemas na obra física do hospital, ainda existe outro grande empecilho que obsta a abertura da unidade: o plano de gerenciamento.
Quem administra?
O Ministério Público do Paraná chegou a interpor ação judicial contra os gestores municipais a fim de que apresentassem o plano de gestão. Na época, até a reforma chegou a ser suspensa, mas até hoje o plano não foi entregue. É bem verdade que as ações também foram arquivadas sem um desfecho.
A expectativa inicial é que a gestão do HR fosse realizada pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), contudo, na última conversa com o prefeito Beto Lunitti, em 2021, o general Oswaldo de Jesus Ferreira, presidente da Ebserh, disse que a empresa não teria interesse e nem condições de realizar a gestão da operação do hospital.
Outra saída seria uma gestão por parte do Governo do Paraná, contudo, ainda no ano passado o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, afirmou que a Sesa daria apoio ao Município, contudo, também não iria realizar a gestão.
Em certo momento, a Prefeitura de Toledo chegou a cotar o Ciscopar (Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná), que tem sede administrativa em Toledo, para fazer a gestão, porém, as conversas também não andaram.
Por último, a Prefeitura de Toledo chegou a abrir um chamamento público para qualificar OSs (Organizações Sociais) na área da Saúde para realizar a gestão. Ao que tudo indicava, esse seria o caminho, mas, após a reunião de ontem (18), o vice-prefeito de Toledo, Ademar Dorfschmidt, disse que a gestão por uma OS estava descartada.
Sugestão da Sesa
A proposta foi apresentada pelo assessor de Gabinete da Sesa, Ian Lucena Sonda, colocando em funcionamento 20 leitos de Clínica Cirúrgica, 10 leitos de Clínica Médica, 10 leitos de UTI e 2 salas de centro cirúrgico para cirurgia geral, urologia e vascular. O modelo sugerido divide a abertura do hospital em duas etapas.
Na primeira etapa, para dar início aos trabalhos e abrir efetivamente a unidade, a gestão seria realizada pela própria Prefeitura de Toledo, que deveria contratar médicos, especialistas e mais funcionários para conseguir organizar os trabalhos. Paralelo a essa gestão, Município e Sesa iriam trabalhar em um chamamento público para realizar uma cessão onerosa do hospital, ou seja, alugar o HRT para uma entidade privada, com fins filantrópicos, para que essa entidade pudesse fazer a gestão do hospital.
Segundo a Sesa, a realização dessa abertura em duas etapas se deve por conta que o processo de qualificar uma entidade com fins filantrópicos demora em torno de um ano, por conta disso, neste tempo, a gestão ficaria por conta do Município.
E o Município?
De acordo com o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, a sugestão apresentada pela Sesa será avaliada. “Naturalmente é uma situação que é preciso fazer cálculos para ver o quanto custa isso, porque efetivamente também é um ponto relevante. E nós vamos agora avaliar internamente, tecnicamente para avançar em uma solução efetiva. A obra está em fase de acabamento, os equipamentos estão praticamente todos comprados.”
Ainda segundo Lunitti, a Prefeitura de Toledo teve o cuidado de aportar dotação orçamentária para contribuir com a abertura do hospital, contudo, na avaliação dele, a melhor possibilidade é a construção de um edital de chamamento junto com a Sesa. “Agora, é lógico que em decorrência daquilo que surgirá de cálculos, talvez não tenhamos esse recurso todo. E para você, no setor público atender expectativas precisa fazer cortes em outros setores. Mas, penso que a gente pode de uma forma muito tranquila, produzir de uma forma intensa e rápida a possibilidade inclusive de construir um edital em conjunto com o Estado para o chamamento de uma instituição filantrópica, o que seria o ideal.”
Já o vice-prefeito de Toledo, Ademar Dorfschmidt, disse que a proposta precisa ser aperfeiçoada e que o Município de Toledo não pode arcar novamente com todos os custos. “O Município de Toledo não pode ser o gestor do Hospital Regional em hipótese alguma, por mais que essa proposta venha com uma proposta de conciliação do Governo do Estado, nós precisamos avançar e eu acredito que vai avançar. Já temos um pronto atendimento que está em situação complexa dentro do quesito de atendimentos até por falta de profissionais e nós não podemos assumir uma situação dessas.”