Política

CPI do MST aprova novas convocações e audiências ficam para mês de agosto

Ricardo Sales é ex-ministro do Meio Ambiente e relator da CPI do MST

CPI do MST aprova novas convocações e audiências ficam para mês de agosto

Brasília – A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito ) sobre o MST aprovou ontem (12) a convocação do auditor da CGU (Controladoria-Geral da União), João Henrique Wetter Bernardes; do integrante do MST, Marco Antônio Baratto Ribeiro da Silva, e dos ex-dirigentes da Cooperativa de Crédito Rural Horizontes Novos, de Novo Sarandi (RS).

Bernardes integra o grupo de trabalho da CGU e do TCU (Tribunal de Contas da União) que acompanha o cumprimento de diligências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Ele foi convocado a pedido do relator do colegiado, deputado Ricardo Salles (PL-SP), e da deputada Caroline de Toni (PL-SC), para detalhar acórdãos que apontam indícios de irregularidades ocorridas no Incra, relacionadas à concessão de lotes do Programa Nacional de Reforma Agrária em todo o País.

Baratto Ribeiro da Silva foi convocado a pedido do deputado Kim Kataguiri (União-SP). O parlamentar disse que é preciso ouvir Silva depois que Nelcilene Reis, que morou em um acampamento do MST de 2016 a 2019, o citou durante depoimento no colegiado em maio. Na ocasião Nelcilene afirmou que as famílias que viviam no local eram usadas como massa de manobra pelo movimento e que trabalhavam sem remuneração.

Já os ex-dirigentes da coopertativa de Sarandi foram convocados a pedido do deputado Messias Donato (Republicanos-ES). Segundo ele, existem evidências da ligação entre a cooperativa, que pediu falência em 2017, e o MST. A inquirição dos diretores, acredita Donato, vai subsidiar os trabalhos da CPI.

As audiências não foram agendadas e devem ficar para o segundo semestre. “A partir de 1º de agosto, quando recomeçam os trabalhos, começarão a vir à CPI os convocados e convidados. Entre eles, o líder do movimento, José Rainha; o ex-ministro G Dias [ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Gonçalves Dias], o ministro Paulo Teixeira [Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar]”, antecipou o relator Ricardo Salles.

A comissão

A CPI, instalada em maio, investiga as invasões do MST. O colegiado é presidido pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) e tem 120 dias para concluir os trabalhos. Prazo que pode ser prorrogado por mais 60 dias, desde que haja requerimento assinado por 1/3 dos deputados.

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De volta à PF, Bolsonaro diz desconhecer plano de Do Val

Brasília – Em depoimento que prestou ontem (12) à Polícia Federal no inquérito que investiga suposto “plano” do senador Marcos do Val e o deputado Daniel Silveira, para um “golpe”, o ex-presidente Jair Bolsonaro rechaçou relação com o plano ou ter conhecimento da intenção dos parlamentares de gravar conversas com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. Bolsonaro confirmou ter recebido Do Val no Palácio da Alvorada, a pedido de Silveira, que a conversa durou cerca de 20 minutos, mas “nada foi falado sobre o ministro do Supremo”.

Em entrevista coletiva improvisada após o depoimento, Bolsonaro disse ainda desconhecer que o deputado houvesse recrutado o senador, mas “ouvia de Daniel Silveira” que Do Val “teria algo para mexer com a República”. Ele negou, porém, que tenha tratado com ambos sobre “equipamentos de escuta ou gravação” e “que, após a reunião, sem saber precisar a data, recebeu uma mensagem de Marcos do Val” com um “print de mensagem, originariamente enviada ao ministro Alexandre de Moraes”. Nessa mensagem, Do Val dizia ao ministro que o presidente não estaria fazendo nada de errado, mas que Daniel Silveira estaria tentando convencê-lo a prosseguir na execução de algum plano.

O print da conversa foi exposto à imprensa pelo advogado de Bolsonaro, mostrando que a única resposta do então presidente foi “coisa de maluco”. A defesa de Bolsonaro deixou consignado no depoimento à PF que não teve acesso à íntegra do inquérito e que o depoimento de Silveira só foi disponibilizado minutos antes da audiência de ontem.

“Esculacho”

Bolsonaro disse ainda que não houve nenhuma tentativa de golpe em 8 de janeiro e a situação é um “esculacho”. “Muitos outros virão (depoimentos). Já teve busca apreensão na minha casa, no meu entender é um pacto para me esculachar. Nunca roubei nada, nunca fiz nada. Se não tivesse capital político não tinham feito isso contra mim”, completou.

Foto: Agência Câmara