Policial

Operação Águas Claras: PF investiga esquema de fraude na Sanepar

Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, dois em Cascavel e seis em Curitiba

Operação Águas Claras: PF investiga esquema de fraude na Sanepar

Reportagem: Cláudia Neis 

Cascavel – A Polícia Federal de Foz do Iguaçu investiga um esquema de fraude a licitações e pagamento de propina entre uma empresa que realiza obras de saneamento do oeste do Estado e a Sanepar.

Documentos que devem auxiliar na apuração dos fatos foram apreendidos na sexta-feira (13), durante a Operação Águas Claras. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, dois em Cascavel e seis em Curitiba. Os endereços eram de funcionários e ex-funcionários da Sanepar e empresários, todos investigados. Nenhum nome foi divulgado.

Além de documentos e pendrives, foram apreendidos maços de dinheiro – R$ 1.549.426 em reais, US$ 16.183 em dólares, 3.645 em euros e 425 em libras esterlinas. A PF ainda não sabe a origem do dinheiro.

O esquema

As irregularidades teriam ocorrido entre 2011 e 2016 e são de duas vertentes. Uma delas seria fraude em licitações em troca de propina, esquema que seria chefiado por um ex-funcionário, agora aposentado, da Sanepar. “Esse ex-funcionário, que é de Curitiba, procurou essa empresa aqui na região oeste e ofereceu facilitar e direcionar as licitações para que ela as vencesse, em troca de propina, que até onde já se sabe chegaram a R$ 700 mil”, disse o delegado da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, que comanda as investigações, Sérgio Ueda.

A segunda vertente está relacionada a valores que teriam sido investidos em publicidade. “O diretor-presidente da Sanepar na época [Mounir Chaowiche], por meio de um assessor, teria solicitado algumas vantagens à mesma empresa que já participava do esquema das licitações. Essas vantagens teriam sido obtidas simulando patrocínio e publicidade, visto que a empresa não investiria nesse setor. Em contrapartida, a Sanepar garantia maior celeridade aos pagamentos dos contratos firmados e nos aditivos das obras”, acrescenta Ueda.

O delegado afirma que não pode dar informações mais precisas de como o esquema com a publicidade funcionava porque as investigações continuam, mas disse que o valor obtido nesse caso seria de cerca de R$ 200 mil, que, somadas à licitação, as fraudes renderam cerca de R$ 1 milhão.

O delegado frisou que a empresa investigada pactuou contratos no valor de R$ 50 milhões com a Sanepar, mas que não são investigadas irregularidades na execução das obras, somente os pagamentos das vantagens indevidas na contratação. E deixou claro que não há envolvimento da atual administração da Sanepar no esquema.

Os crimes apurados são fraude à licitação, corrupção passiva e organização criminosa.

Investigação x Pecúlio

As investigações de fraudes e propinas tiveram início com a análise de informações da Operação Pecúlio, que investiga um esquema de desvio de verbas públicas em obras de pavimentação. “Com base nos elementos de informações levantadas na Operação Pecúlio, foram observadas essas condutas agora em investigação. Os alvos investigados não são os mesmos investigados na Pecúlio, são esquemas diferentes”, complementa o delegado.

A Sanepar informou que está à disposição da investigação e que a atual gestão não compactua com qualquer ato de corrupção.

Matéria atualizada às 18h04