Operação Hórus
Apreensões de drogas crescem 810% durante a quarentena
Reportagem: Cláudia Neis
Guaíra – Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram que os criminosos têm aproveitado o período de isolamento social para trabalhar. E muito! Os números de abril chamam a atenção para um aumento expressivo no volume de drogas apreendido. Foram 10,224 toneladas, quase dez vezes a média recolhida nos três primeiros meses do ano, que foi de 1,122 tonelada.
Para se ter uma ideia, desde que a Hórus começou a operar na Costa Oeste do Paraná, na fronteira com o Paraguai, em abril do ano passado, foram apreendidos 24,199 toneladas. Ou seja, desse total, 42% foi apreendido apenas em um mês. “O aumento do volume de drogas realmente foi expressivo e está ligado ao reforço na fiscalização nesse período, aliado a um trabalho de inteligência mais presente na operação. Mas também há, claro, audácia maior dos criminosos, que aproveitam o momento acreditando que as barreiras possam ter sofrido alguma flexibilização por conta da pandemia”, explica o coordenador-geral de fronteiras da Secretaria de Operações Integradas, Eduardo Bettini.
Segundo ele, outra “vantagem” aos criminosos é que o volume da droga é bem menor que o de cigarro, o que facilita a as ações nesse período para chamar menos atenção da fiscalização. “Mas precisamos lembrar que ainda nem estamos no auge da safra da maconha no Paraguai, o que justificaria esse aumento”, acrescenta.
Falando em cigarro, o produto contrabandeado também cresceu durante a quarentena. Em abril foram 28% a mais do que a média dos três meses anteriores: foram apreendidos 3.686.987 maços, quando a média foi de 2,882 milhões de maços.
O prejuízo causado aos criminosos, calculado sobre o valor da mercadoria apreendida, representa R$ 31.536.168, cerca de 60% maior que a média mensal do primeiro trimestre (R$ 19.609.939). Consequentemente, o prejuízo evitado aos cofres públicos também foi 32,2% maior que a média. Somente em abril, foram “economizados” aos cofres públicos R$ 17.693.851.
Acumulado da Operação Hórus
No dia 15 de abril de 2019 tinha início uma das maiores operações de combate ao crime na fronteira brasileira com o Paraguai, com concentração em municípios do oeste do Paraná. Nesse pouco mais de um ano de bloqueios constantes em diversos pontos, a fiscalização já evitou a entrada de mais de R$ 9 bilhões em contrabando no País.
Eduardo Bettini destaca, que dentro da visão do Programa Vigia, não há distinção dos produtos a serem apreendidos. “Tanto comércio de drogas quanto de cigarros é extremamente danoso. Nosso foco é combater o contrabando de qualquer produto e atacar as associações criminosas no ponto de financiamento das atividades, pois o contrabando está associado a outros 22 crimes”, afirma.
O prejuízo evitado aos cofres públicos é de R$ 188.978.206,11, já o causado aos criminosos está avaliado em R$ 220.062.848,10.
Foram apreendidos nesse período 34.930.895 de maços de cigarros e 24,199 toneladas de drogas; além de 80 embarcações e 324 veículos.
Novos reforços
Eduardo Bettini ressalta o sucesso crescente da Operação Hórus e comemora o reforço recente no bloqueio em Guaíra de soldados da 15ª Brigada de Cascavel. “Já contamos com 20 soldados em Guaíra, que atuam em esquema de revezamento e agregam bastante à operação, pois tínhamos uma dificuldade com pilotos de embarcação e alguns desses soldados têm essa capacitação. Além disso, ainda aguardamos um posicionamento da Polícia Militar do Paraná para possam integrar a operação policiais do Choque de Cascavel, já nesse primeiro momento, em Guaíra; e posteriormente integrantes da Polícia Ambiental de Maringá e Umuarama, que temos a intenção de colocá-los na região do Porto Felício e do Porto Camargo, criando ali uma base interestadual, entre Paraná e Mato Grosso, que vai combater, além do contrabando, crimes ambientais”.
A instalação do avançado serviço de comunicação com rádios, que terá frequência em comum em todas as forças de segurança de todas as esferas, deve começar na próxima segunda-feira (11), trazendo maior segurança e precisão às fiscalizações.
Bettini garantiu que a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça não deve afetar a operação: “A operação já está consolidada e o programa tem que continuar. Nós estamos planejando várias ações para os próximos meses. A evolução dos números mostra a efetividade do trabalho e a sensação de segurança que existe nas regiões onde o programa existe mostram que é um trabalho de sucesso e que, além de continuar, deve ser ampliado”, assegurou Bettini.