Um casal no modelo convencional é constituído de um homem e de uma mulher. Biologicamente, somos seres completos. Ou seja, a partir de determinada idade, não temos necessidade biológica para existir sozinhos. Mesmo assim, a absoluta maioria dos seres humanos se associa a alguém e compartilha sua vida com essa pessoa. Aqui a dúvida é sempre a mesma: como posso saber se a pessoa escolhida é a parceira “certa”?
Ainda que a pergunta faça sentido, atrás dela se esconde uma bela ideia, mas que produz efeitos desastrosos: a ideia de que cada um tem uma alma gêmea e que, somente depois de encontrá-la, seu relacionamento terá garantido o êxito.
Para começar, vamos falar um pouco sobre a origem dessa ideia.
A ideia vem de Platão, um filósofo grego que viveu no século IV antes de Cristo. No livro O Banquete, Platão descreve um encontro de amigos em que cada convidado é desafiado a definir o que entende por amor. Um dos convidados, de nome Aristófanes, explica sua ideia de amor apelando a uma narrativa mitológica.
Segundo essa narrativa, no começo, os homens eram deuses e, como tais, eram seres completos sem necessidade de outro para existir. Isso os teria feito se sentirem muito fortes e independentes. Para enfraquecê-los, Zeus – chefe dos deuses – teria decidido cortá-los ao meio. Deixaram de ser deuses e se tornaram humanos. Para evitar que desaparecessem, Zeus acrescentou órgãos genitais femininos a alguns e órgãos genitais masculinos a outros. Desde então, cada metade não faria outra coisa senão procurar sua outra metade perdida. Somente depois de encontrá-la voltaria a ser inteiro e feliz como era nas origens.
A ideia de amor que nasce dessa descrição mitológica é de que amor é desejo de unidade. O que explicaria por que não suportamos viver sozinhos é o fato de que, sozinhos, seríamos incompletos. Assim, amar seria se completar com outra pessoa. Amor seria buscar o que não somos, o que não temos, o que nos falta.
Qual risco esconde essa ideia romântica? Antes de qualquer outra coisa, a ideia de que alguém perfeito está à nossa espera e que, enquanto não o encontrarmos, não seremos felizes. Aqui é importante lembrar que somente o imperfeito é amável, porque somente ele deseja ser amado. O perfeito não precisa de amor, pois já é completo!
Se você, mesmo assim, quer procurar sua alma gêmea, pense nela como aquela pessoa pela qual se sente ligado por nenhum outro motivo senão pelo amor. Quando você for capaz de amar essa pessoa do jeito que ela é, sem intenção de mudar o mínimo que for nela, terá encontrado sua “metade perdida”.
A relação de casal não é aquela relação em que um completa o outro, e sim a que um complementa o outro. “Amo o inteiro do ser do outro tal como é. Ao acolhê-lo, abro caminho para a felicidade mútua”. Isso mesmo, a felicidade recíproca, pois complementa o ser já completo do outro.
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