Opinião

Saúde econômica na UTI

Por Carla Hachmann

O alvoroço todo causado pelo Covid-19 deve custar US$ 1 trilhão à economia global em 2020, prevê a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). No pior cenário, as perdas podem dobrar.

Mas por que um vírus tem um poder tão desastroso às finanças mundiais? Especialistas dizem que os problemas são a instabilidade que ele provoca nos mercados financeiros, as preocupações sobre a cadeia de suprimentos mundial e a incerteza no preço do petróleo.

Claro que um fator se liga ao outro, até porque a recente tensão no mercado de petróleo nada tem a ver com a doença. Mas soma! Tanto que, na segunda, os mercados financeiros tiveram a maior queda desde a crise financeira de 2008. E ontem não foi muito diferente, depois de a OMS declarar a pandemia global.

Alguns efeitos práticos são mais fáceis de serem percebidos, a exemplo da redução de voos, da paralisação generalizada em países como a Itália e a própria redução da produção interna da China, que tem feito fábricas de eletrônicos darem férias coletivas aos funcionários devido à falta de componentes que vêm do país asiático.

Sabemos de tudo isso, conseguimos mensurar tudo isso, e por que parece que estamos de mãos atadas, esperando tudo isso acontecer?

É que a economia mundial ainda é movida, em boa parte, pelos mercados financeiros, cujos sinais “sugerem um mundo extremamente ansioso”. Segundo o diretor da divisão Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad, Richard Kozul-Wright, “existe um grau de ansiedade que está muito além dos problemas de saúde, que são muito sérios e preocupantes”.

Kozul-Wright concluiu dizendo que “são necessárias uma série de respostas políticas e reformas institucionais para impedir que um susto de saúde localizado na China se transforme em um colapso econômico global”. Ainda há chance de reagir.