Cotidiano

Realizada audiência de policiais acusados de fraude e tentativa de homicídio de deficiente mental

O caso aconteceu no dia 8 de maio de 2018, no interior de Lindoeste

Cascavel – Foi realizada na sexta-feira (12) na 1ª Vara Criminal do Fórum Estadual de Cascavel, primeira audiência do caso em que três Policiais Militares são acusados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de tentativa de homicídio e fraude processual.

O caso aconteceu no dia 8 de maio de 2018, no interior de Lindoeste. De acordo com a denúncia os policias: Antônio Henrique Martins dos Santos e Anderson José Mazurek teriam ido até a Zona Rural de Lindoeste, verificar uma denúncia de invasão de propriedade. Chegando ao suposto local, os PMs foram até a casa de um funcionário do dono da propriedade, Antonio Valin. Na casa estava seu filho Isaac Valin, portador de deficiência mental. Que por conta de sua condição, tem sérias dificuldades de comunicação e não atendeu a ordem de abordagem dos PMs.

Diante da situação de acordo com a denúncia o PM Antônio Henrique Martins dos Santos, teria atirado contra Isaac, acertando um tiro na perna direita e outro no braço esquerdo.

Diante da situação foram solicitados reforços. Entre os PMs que foram até o local está o outro denunciado Samuel dos Santos. Que teria ajudado os outros dois PMs a implantar próximo a Isaac um revólver calibre 32 próximo à vítima, alterando a cena a fim de justificar os disparos e produzir efeito em Inquérito Policial futuro, como consta na denúncia.

As acusações

O Policial Antônio Henrique Martins dos Santos é acusado de tentativa de homicídio, já que foi o autor dos disparos.

Já os colegas Anderson José Mazurek e Samuel dos Santos de fraude processual, por conta da alteração da cena com a colocação da arma próxima a vítima ferida, produzindo uma falsa prova. Nesta primeira audiência foram convocadas 12 testemunhas de acusação mais as testemunha de defesa. Os réus ainda não foram ouvidos.

A espera de justiça

A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o pai de Isaac, Antonio Valin. O homem que prestou depoimento na audiência contou sobre as dificuldades enfrentadas com o filho após o caso. “Meu filho tem deficiência mental e sempre foi difícil a comunicação com ele. Mas depois que ele levou os tiros ficou ainda mais complicada a situação. Ele ficou com a perna “arrastando” e o braço meio duro também por causa dos tiros. Logo quando aconteceu eu que sou boia-fria, fiquei 60 dias sem poder trabalhar só pra cuidar dele. Levava ele ao banheiro, dava banho, comida fazia tudo. Agora ele até voltou a se virar sozinho mas ficou com esses problemas”, conta Antonio.

“Eu só quero que a justiça seja feita, porque é muito triste ver isso acontecendo com um filho. Ainda mais o Isaac que tem esse problema. Qualquer pessoa que olha pra ele de longe vê que ele tem deficiência mental. Aí quiseram dizer que meu filho tinha uma arma e ia atirar, meu filho nem sabe o que é uma arma, jamais ia conseguir atirar em alguém”, conta emocionado o pai.

Além de Isaac, Antonio tem mais duas filhas. Ele afirma que na casa em que moram os quatro e a esposa, madrasta de Isaac, só se espera que o caso tenha um fim e a paz volte a reinar.

PM

De acordo com a Polícia Militar do Paraná informações sobre o caso estariam sendo repassadas pelo 6º BPM em Cascavel. Porém nossa reportagem foi informada na sexta-feira as 17h que já não havia mais expediente no setor de Relações Públicas.