Agronegócio

Pesquisa pecuária: Oeste tem 10% do plantel de suínos e 8% de aves

A industrialização, fomentada por grandes parques industriais voltados ao segmento, fazem do oeste uma importante e potencial produtora, acomodando por aqui cinco das dez maiores cooperativas do agro do Brasil

Avicultura avançou 44% em apenas dez anos, apontam dados do IBGE - Foto: Aílton Santos
Avicultura avançou 44% em apenas dez anos, apontam dados do IBGE - Foto: Aílton Santos

Reportagem: Juliet Manfrin 

Toledo – A pecuária é a grande força motriz da economia regional. A bovinocultura de leite, a suinocultura e a avicultura representam para a região oeste do Paraná a transformação da soja e do milho em valor agregado na proteína que alimenta o mundo. A industrialização, fomentada por grandes parques industriais voltados ao segmento, fazem do oeste uma importante e potencial produtora, acomodando por aqui cinco das dez maiores cooperativas do agro do Brasil. “Nascerem de gente que é daqui e é por isso que dão tão certo e continuam avançando tanto. O agronegócio da região é referência para o País e para o mundo”, destaca o presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), Danilo Vendruscullo.

E são elas que contribuem para uma importante conquista: o oeste tem hoje 10% do rebanho brasileiro de suínos e 8% do plantel de aves.

Quem reforça isso são os dados recém-divulgados pelo IBGFE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes à Pesquisa da Pecuária Municipal que tem como ano-base 2018. Neles, a região se consolida como uma das maiores produtoras pecuárias do País e não por acaso. “A região oeste é um bom exemplo a ser seguido. Investiu, se qualificou, gera emprego, renda e fomenta a economia como um todo. É referência na pecuária que precisa ser replicada”, constata o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.

A consolidação dos números ocorre apesar de todos os entraves logísticos. Segundo o presidente do Sindicato das Cooperativas Agrícolas, Agropecuárias e Agroindustriais da Região Oeste do Paraná, Dilvo Grolli, a região convive com um dos pedágios mais caros do Brasil e que leva do setor produtivo todos os anos pelo menos R$ 300 milhões.

Dentre os gargalos consta ainda a precária infraestrutura, a exemplo de uma ferrovia que possa aliviar o modal rodoviário da extrema dependência e até baratear os custos do transporte. Hoje a Ferroeste opera com menos de 10% de sua capacidade e as cargas acabam travando em Guarapuava por conta do estrangulamento na descida rumo ao Porto de Paranaguá. Assim como a falta de um aeroporto regional. “Mesmo assim, o oeste segue fazendo história, apesar de todos esses problemas. Mas penso que nunca na nossa história recente o setor produtivo e a região estiveram tão engajados para ampliar as conquistas”, completou Danilo Vendruscullo.

Entraves de infraestrutura e logística

Mesmo com vários percalços, os números do IBGE confirmaram o que vem a seguir: 12 em cada 100 cabeças de bovinos do Paraná estão no oeste. Na média nacional, a região tem um de cada cem desses animais.

Mas esse não é necessariamente o segmento que mais se destaca e não por acaso. Em 2008, por exemplo, a região contava com quase 1,2 milhão de cabeças de bois e vacas.

Em 2018 baixou para 1,18 milhão, queda de 5%. “A região não está focada na pecuária de corte, mas na atividade leiteira. O setor vem perdendo espaço nas propriedades diante de tantas instabilidades registradas no segmento, os altos e baixos, as exigências técnicas… Acredito que isso ainda vá se acentuar e só deve permanecer no mercado quem realmente se qualificar, se tecnificar para isso. Então, em vez de só focar na produção, o que se deve é pensar nessa produção com muita qualidade”, conta o extensionista da Emater Sérgio Haroldo Hein.

Em todo o Brasil, existe hoje um rebanho de 21,3 milhões de bovinos, dos quais 9,58 milhões estão no Paraná.

O grande boom da pecuária regional vem a partir disto: naquilo que a região realmente se tornou referência e potência para o Brasil.

Com apenas 50 municípios, a região concentra hoje 10% de todo o plantel de suínos brasileiro e 62% do paranaense. Em números, o volume estático soma quase 4,3 milhões de cabeças, mais de 1 milhão somente em Toledo, município que, segundo o Censo Agropecuário de 2017, é o maior produtor do segmento no Brasil.

No oeste, esse tipo de criação aumentou impressionantes 144% em dez anos. No levantamento anual de 2008 havia 1,75 milhão de cabeças. “Houve a profissionalização do setor, a região passou efetivamente a implantar medidas de expansão e controle sanitário. As propriedades deixaram de ser independentes e seguiram para o modelo integradoras e isso as tornou mais sustentáveis também”, explica o agrônomo especialista no segmento Leoclides Bisognin.

No Brasil, o rebanho suíno soma hoje 41,4 milhões de animais, enquanto no Paraná há quase 6,9 milhões de cabeças. Para se ter ideia, ao passo que no oeste esse setor avançou 144% em uma década, no Estado foram 49%. “Se analisar isso por regiões, quem absorveu praticamente todo o crescimento no Estado foi o oeste”, compara.

Suinocultura se consolida na região com plantel estático de 4,3 milhões de cabeças

Avicultura em expansão

A avicultura também surpreende. O oeste responde hoje por 8% de todas as aves no Brasil e 30% no Estado. São 115,2 milhões de cabeças, 44% a mais do que havia sido contabilizado há dez anos, quando eram 81,5 milhões.

No Paraná existem hoje 888,3 milhões de frangos, 62% a mais do que existiam em 2008, quando somavam 237,9 milhões de cabeças. “O avanço da avicultura regional torna o oeste a grande referência do segmento, mas no sudoeste essa atividade também expandiu e se profissionalizou. Juntas, as duas regiões são uma verdadeira potência”, acrescenta o secretário de Agricultura, Norberto Ortigara.

No Brasil existem hoje 1,468 bilhão de aves, com destaque também para o vizinho estado de Santa Catarina. Porém, em cada quatro desses animais abatidos no Brasil, um passou por esse processo no Paraná.

“Somos uma referência na pecuária, mas poderíamos avançar ainda mais se não tivéssemos problemas graves, como no fornecimento de energia elétrica que afeta o campo e a indústria. Esses entraves, além da falta de conectividade no meio rural, travam o setor”, alerta o presidente do Conselho de Sanidade do POD, Elias Zydek: “Felizmente, temos avançado, mas ainda existe um longo caminho a ser seguido”.

BOVINOS

GALINÁCEOS

SUÍNOS