Cotidiano

Patrulha Maria da Penha: denunciante perde o cargo

A servidora denunciou o assédio do colega tanto a mulheres vítimas de violência e atendidas pela Patrulha quanto a colegas de trabalho

A servidora da GM (Guarda Municipal) que teria levado até os vereadores da Comissão de Segurança Pública e Trânsito da Câmara de Cascavel denúncias sobre a conduta do guarda que integrava a Patrulha Maria da Penha foi retirada do cargo de inspetora que ocupava na GM.

“É uma punição para a mulher que fez a maior denúncia da história da Guarda. Isso é um absurdo, o prefeito prega contra a corrupção, mas pune quem denuncia, ele fala uma coisa e tem feito outra”, afirma o vereador Fernando Hallberg (PDT), que faz parte da Comissão.

Já a Prefeitura afirma que a exoneração é consequência normal, pois a nomeação ocorreu na época em que a servidora assumiu atividades na Patrulha Maria da Penha.

“Estamos indo na contramão do que está acontecendo no Brasil inteiro. Temos um discurso demagógico de prefeitura da transparência quando na verdade estamos punindo uma pessoa que faz uma denúncia dessa gravidade”, ressalta Hallberg, que cita ainda a lei municipal aprovada na última semana que prevê a prescrição na esfera administrativa em dois anos, contados da data da infração, quando o caso for passível de multa ou suspensão disciplinar.

“Na prática, a lei diz o seguinte: se você cometer um delito hoje e ninguém descobrir, em dois anos o ato não pode ser mais punido”, complementa.

As denúncias

A servidora denunciou o assédio do colega tanto a mulheres vítimas de violência e atendidas pela Patrulha quanto a colegas de trabalho. As denúncias foram apuradas pelos vereadores e encaminhadas tanto ao Ministério Público quando à Polícia Civil.

De acordo com o que foi apurado pelos vereadores à época, o guarda aproveitava a situação de vulnerabilidade das mulheres e o acesso a elas – por meio de celular e/ou presencial durante as rondas – para se aproximar. Não há registro de violência nem estupro. As relações teriam sido consentidas. Os vereadores disseram ainda que há suspeitas de que colegas de trabalho e o próprio diretor da Guarda Municipal teriam sido coniventes com a situação, já que sabiam e não denunciaram.

O servidor foi afastado das funções e um processo administrativo para apurar o caso ainda está em tramitação, de acordo com a prefeitura.

As denúncias são investigadas pela Delegacia da Mulher e informações sobre o número de denúncias apuradas não foi repassado.