Opinião

No limite da velocidade

Por Carla Hachmann

A partir de agora as rodovias federais não têm mais os famigerados radares, que botavam medo nos apressadinhos sob a constante ameaça de custar caro exceder o limite de velocidade. Odiado por muitos e aceitado por outros, os radares eram usados como ferramentas para que o óbvio fosse feito: obedecer as leis de trânsito.

Já há alguns meses o presidente Jair Bolsonaro se mostrava indisposto com o mecanismo, defendendo que ele não educa, apenas era uma máfia de arrecadar dinheiro. De fato, radar não educa, põe medo ou pune.

A questão é: somos maduros para obedecer as leis sem a ameaça de uma punição severa? Podemos andar sem vigilância de modo a não pôr em risco a nossa e a vida de outros?

Segundo as estatísticas, hoje as principais causas de acidentes nas rodovias são falta de atenção à condução, velocidade incompatível e ingestão de álcool.

O Brasil é um dos poucos países a usarem lombadas para obrigar os condutores e reduzirem a velocidade. E nem sempre isso basta.

Mais de 80 mil pessoas morrem por ano em acidentes nas rodovias País afora. Em média, 40% das colisões têm vítimas fatais. Quanto maior a velocidade, maior a gravidade da colisão e suas consequências.

Longe do mérito da indústria de multa que os radares viraram no Brasil, temos um grave problema: as condições das estradas brasileiras. Muitos trechos são incompatíveis com a velocidade permitida, agravando os riscos.

Por isso, a esperança é que essa medida radical venha seguida de outras ações há muito alertadas e reivindicadas, como malhas rodoviárias adequadas, com faixas extras e/ou pistas duplicadas, bem sinalizadas e com pavimento em boas condições.