Cotidiano

Multidão protesta contra demarcação

Guaíra – Durante algumas horas no período da tarde, o comércio de Guaíra fechou as portas em protesto contra a ameaça de demarcação de terras indígenas em Guaíra e Terra Roxa. Uma multidão seguiu em passeata pelas ruas em direção à sede do MPF (Ministério Público Federal), em Guaíra.

A sociedade se uniu e contou com o apoio direto dos membros da ONGDip (Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade). Com faixas e cartazes, os comerciantes pediam a abertura de um diálogo maior em torno do tema, principalmente em relação à Justiça. A população reclama ainda da dificuldade de interação com o Ministério Público Federal.

O protesto se estendeu pelas ruas de Guaíra e parou em frente ao escritório do MPF, na região central da cidade.

Nas faixas, os comerciantes acusam a Funai de apresentar laudos falsos em torno do processo de demarcação. Em outro cartaz, perguntam por que a Justiça Federal não cumpriu o Marco Temporal de 1988.

Demarcação

O temor em torno da efetivação do processo de demarcação de uma área estimada em 11 mil alqueires, que compreende parte das cidades de Guaíra e Terra Roxa, levou a sociedade a se mobilizar. No início da semana, um caminhão bitrem carregado com madeiras e telhas chegou à cidade para descarregar o material em uma das 15 áreas ocupadas pelos indígenas. Ruralistas e comerciantes foram até um dos locais para protestar. Escoltado pela Polícia Federal, o caminhão entrou na ocupação conhecida como Mata do Jacaré, no perímetro urbano de Guaíra, e descarregou as madeiras e as telhas.

A Superintendência da Funai no Sul do País informou que o material é para a construção de casas que apresentam problemas estruturais. A Funai disse ainda que os levantamentos para a demarcação da reserva indígena já chegaram ao fim, restando agora um relatório final a ser feito em Brasília. Ele descartou que a ação desta semana tenha ligação com o processo de demarcação das áreas.

Serão entregues 16 kits em Guaíra e Terra Roxa para a construção das casas e uma nova remessa está prevista para chegar nos próximos dias.

A delimitação da terra indígena entre Guaíra e Terra Roxa foi autorizada em 2009 pela Presidência da República. O processo afetaria 30% da área agricultável que circunda os Rios Paraná, Taquari e Iguaçu. A reserva seria chamada de Tekohá Guassú Guavirá.

Líderes locais denunciam que houve fraude na emissão dos laudos e que a maior parte dos índios que vivem nas áreas ocupadas é de origem paraguaia.