Cotidiano

Moradores da região central de Niterói pedem área de lazer e ciclofaixas

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NITERÓI ? Já passava das 11h de um domingo um pouco nublado, mas nem a proximidade do horário de almoço ou mesmo as condições de degradação do campo de futebol desanimavam umas 70 pessoas, das mais variadas idades, que jogavam bola ou acompanhavam maridos e filhos no terreno baldio ao lado do Hospital municipal Carlos Tortelly, no Bairro de Fátima. Entre traves enferrujadas, pedras dispostas estrategicamente para segurar a rede improvisada, muros quebrados e grama irregular, o local é o único espaço de lazer para os 4.004 moradores do bairro, na região central de Niterói.

Série mostra as necessidades de cada bairro

Melhorias para o espaço, que reúne em um mesmo ambiente os moradores do asfalto e da comunidade do Pé Pequeno, são a principal reivindicação feita pelos moradores do Bairro de Fátima, que, juntamente com o Centro e São Lourenço, estão na primeira reportagem da série Meu Bairro. De hoje até o dia 4 de setembro, O GLOBO-Niterói publicará, sempre aos sábados e domingos, reportagens destacando as principais necessidades de cada região, apontadas pelos próprios moradores. No dia 18 de setembro, a apenas duas semanas do primeiro turno da eleição, os principais candidatos à prefeitura de Niterói terão espaço para explicar aos niteroienses como seus planos de governo solucionarão os problemas reportados.

Presidente da Associação dos Amigos do Bairro de Fátima, Luiz Sérgio pede um melhor aproveitamento do campo de futebol. Segundo ele, um projeto de reforma do espaço deveria conceber não apenas um novo campo, mas também estruturas que atendam a outras necessidades do bairro, como uma academia da terceira idade e uma creche:

? (A reforma desse campo) É a nossa principal luta por melhorias. Estou aqui há 16 anos, e o que existe hoje no campo é cuidado pelos próprios moradores. O espaço é grande, mas não tem manutenção. Os moradores querem um campo de futebol com uma pista de corrida ao redor, e ainda sobraria espaço para uma academia da terceira idade e uma creche.

Outra moradora, que preferiu não se identificar, engrossa o coro por melhorias estruturais no campo e cita, por exemplo, a ausência de bancos. Durante o tempo em que a equipe de reportagem esteve no local, alguns moradores usavam cadeiras de praia para acompanhar a partida; outros assistiam aos jogos sentados na própria grama ou permaneciam de pé. Para ela, porém, o mais grave é a iluminação pública ? inexistente hoje ?, que faz com que, quando escurece, a área de lazer seja ocupada por usuários de droga.

? O bairro tem uma cultura de futebol, mas só os moradores fazem a manutenção desse campo. O problema é que (uma parte do terreno) vira um lixão e, à noite, como não tem postes de luz, torna-se uma cracolândia. É um bairro familiar, mas esquecido ? lamenta.

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MAIS CICLOFAIXAS NO CENTRO

Coração político e econômico de Niterói, o Centro não foge à regra de grande parte das cidades brasileiras: durante o período de maior circulação de pessoas, com o comércio aberto, a limpeza vem logo à cabeça de grande parte dos 19.349 habitantes da região. À noite e nos fins de semana, com ruas desertas, a iluminação precária agrava a sensação de insegurança:

? Depois das 20h, eu não saio mais de casa. A insegurança é muito grande, e a iluminação ruim agrava a situação ? afirma Luís Fernando Magalhães, que mora próximo à faculdade Universo.

Além de se queixarem da falta de segurança pública, usuários das ciclofaixas, como a da Avenida Amaral Peixoto, reclamam melhorias para a malha cicloviária. Entre elas está a criação de novas faixas exclusivas e mais sinalização.

? Os motoristas não respeitam os ciclistas e costumam parar em cima da ciclovia. Novas ciclofaixas seriam muito bem-vindas, e bicicletários públicos também, porque muita gente usa a bicicleta como meio de transporte. A Avenida Marquês do Paraná, por exemplo, está até hoje com uma ciclovia improvisada, com os cones. As pessoas precisam de estrutura para poder usar cada vez mais a bicicleta ? sugere José Carlos Augusto.

Também na região central, São Lourenço é um pedaço histórico, mas a conservação não está à altura. O povoamento da área está ligado à luta contra os franceses, que invadiram a Baía de Guanabara, em 1555. Araribóia se instalou no Morro de São Lourenço para construir o seu aldeamento principal devido à vista estratégica da Baía de Guanabara. Passados mais de 400 anos, a história parece esquecida, e os moradores também reclamam do abandono.

? São Lourenço precisa de um choque de ordem, está totalmente esquecido, tem aspecto degradado. A Rua São Lourenço, por exemplo, é cheia de oficinas mecânicas que ocupam toda a calçada e até rampas de deficientes ? reclama o aposentado Edson Andrade.

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A iluminação pública insuficiente agrava a sensação de insegurança. A Rua Carlos Maximiliano foi batizada pelos moradores de ?Rua do perdeu?:

? A segurança é muito precária. Uma saída, talvez, fosse a instalação de câmeras nos trechos mais perigosos, e melhorar a iluminação em algumas ruas. A Carlos Maximiliano, à noite, fica totalmente escura ? afirma Leonardo Rodrigues.

Os niteroienses podem enviar sugestões pelo e-mail [email protected]. Por meio dele, Robinson Vianna, morador de São Lourenço, reivindicou solução para uma vala aberta na Travessa Silveira da Mota:

? Pedimos, desde abril, a colocação de placas para cobrir a vala negra que começa na própria travessa e termina no início da Ladeira de São Lourenço. O acúmulo de entulho vira um criadouro de ratos, baratas e mosquitos.