Política

Instrutor envolvido em confusão concluirá curso

A informação foi confirmada pela direção das Guardas e também pela defesa do oficial

Apesar da confusão marcada por contradições envolvendo o policial instrutor do curso da Guarda Municipal de Cascavel, alunos do curso e policiais militares na madrugada de quinta-feira (24), o treinamento deve ser concluído pelo mesmo tenente envolvido no confronto. A informação foi confirmada pela direção das Guardas e também pela defesa do oficial.

O curso termina na terça-feira (29) e tanto os alunos envolvidos quanto o tenente devem finalizar a formação, já que a investigação está em curso e ainda não há parecer sobre a responsabilidade dos atos praticados.

Confronto PM X PM vira guerra de versões

Na madrugada de quinta-feira, o tenente conduzia uma caminhonete quando teria sido perseguido por viaturas da PM, mas que acreditava ser um assalto, por isso fugiu e reagiu a tiros. A PM também atirou e atingiu uma mulher que estava na caminhonete. O grupo teria saído de uma festa com alunos do curso de formação da Guarda Municipal.

As versões dos dois lados são completamente diferentes.

A defesa dos policiais militares diz que a abordagem foi feita da forma correta e que as luzes e o giroflex das viaturas foram ligados durante a perseguição. Afirmou ainda que o tenente estava embriagado e que ordenou que o aluno do curso da GM atirasse contra a viatura da PM durante a perseguição. Eles também sustentam que receberam o primeiro tiro e então reagiram.

Já a defesa dos alunos da GM e do tenente declara que a ação foi em legítima defesa, pois não havia luz nem giroflex acesos e que o tenente acreditava se tratar de um assalto. Por isso fugiu e, depois que o veículo for alvejado, ordenou que atirasse contra a viatura da PM.

Testemunha x questionamento

Fontes próximas à corregedoria da PM informaram que o policial coordenador do Policiamento da Unidade declarou em depoimento que ouviu os PMs no rádio gritarem “tiro”, caracterizando que estariam sendo alvejados. Outra situação seria a atitude do tenente ao sair do local, retirando a caminhonete alvejada e ordenando que todos voltassem ao Batalhão; a ação correta seria permanecer no local e aguardar a perícia.

Do outro lado, o empresário Vanderli Diniz, que havia saído do local da confraternização pouco antes do confronto, confirmou que uma das viaturas estaria circulando com luzes e giroflex apagados enquanto outra com luz alta impedia sua identificação e que quase colidiu em uma delas. “Logo após a ocorrência, o tenente me ligou relatando situação que precisava que eu fosse ao local para dar apoio, pois seu carro teria que ser guinchado e precisava de alguém para levar seus passageiros. Após a situação, fui até a delegacia para prestar depoimento e às 6h fui levar esposa com filho de um dos alunos da Guarda para casa”, disse Vandelei, que será ouvido pela Polícia Civil na segunda-feira (28).

Os policiais militares estão afastados das atividades.

O que diz o advogado

“Os policiais militares fizeram a abordagem de acordo com a lei. A viatura estava com as luzes e o giroflex desligado, pois a via é rota de contrabandistas e por isso a ideia era surpreendê-los. Mas durante a perseguição ambos foram ligados, pois não há como perseguir alguém no escuro. Além disso, quando você joga a luz do seu carro em uma viatura plotada, é impossível não identificar que é da PM. Então, mesmo sabendo que era a polícia que fazia abordagem, o oficial fugiu e só parou quando a mulher foi baleada e precisava de ajuda. Sem contar o estado de embriaguez visível, ter se negado a fazer o teste do bafômetro e o sumiço dele após o ocorrido. São diversos elementos para os quais não há explicação”, afirma Ricardo Feistler, advogado dos policiais militares que realizaram a abordagem. Ele afirma ainda que os alunos da GM que acompanhavam os policiais confirmam a versão do tenente possivelmente por temer algum tipo de represália.

Já a defesa dos alunos do curso de formação da GM afirma que a abordagem foi feita sem o uso do giroflex e que tanto o tenente quanto o aluno que atirou de dentro da caminhonete agiram em legítima defesa: “A abordagem e a perseguição foram feitas com o giroflex desligado. Não havia como saber que eram policiais. Por isso o tenente fugiu. Ele acreditava se tratar de um assalto. Ao contrário da versão dos policiais, não foi da caminhonete que partiu o primeiro tiro, foi da PM. Essa informação foi confirmada inclusive pelos alunos que estavam com eles na viatura. Há uma série de informações que não são verdadeiras no BO (Boletim de Ocorrência). E, se o tenente estivesse mesmo embriagado, eles tinham a obrigação de autuá-lo por embriaguez ao volante, o que não ocorreu”, declara a advogada Gleice Aroldi Martins, que representa o tenente e os alunos da GM por meio da ASGMC (Associação dos Servidores da Guarda Municipal de Cascavel).