Cotidiano

Homem decepa mãos da esposa por ela não conceber filhos ao casal

NAIRÓBI — O queniano Stephen Ngila, de 34 anos, foi preso nesta segunda-feira acusado de tentativa de homicídio contra sua esposa, Jackline Mwende, de 27. Com um facão, Ngila decepou as duas mãos de Jackline porque ela não concedeu um filho para o casal após sete anos de casamento. A mulher também sofreu ferimentos no rosto. O caso aconteceu há duas semanas e chocou o país. Ativistas pedem punição máxima para evitar o surgimento de novos casos de violência doméstica.

— Este é um caso particularmente chocante para o Quênia, apesar de a violência doméstica ser galopante no país — disse Naitore Nyamu, da ONG Equality Now, à Reuters.

De acordo com o jornal “Daily Nation”, antes de desferir os golpes contra a esposa, Ngila disse: “hoje é o seu último dia”. Imagens divulgadas pela imprensa local mostram Jackline se recuperando dos ferimentos no rosto e bandagens onde estavam as mãos. A jovem se disse surpresa com o ataque, já que médicos disseram que ela é fértil, mas Ngila, não.

— Nós estamos preocupadas com a escalada de casos de violência contra mulheres no país, e que nada está sendo feito sobre isso — disse Josephine Mong'are, presidente de Federação Internacional de Mulheres Advogadas.

De acordo com dados do governo, quase metade das mulheres que são ou já foram casadas sofreram agressões físicas dos maridos. A violência doméstica é de certa forma aceita, e as vítimas raramente buscam socorro, tanto por pressão social e como por falta de crença no sistema judiciário.

No ano passado, o país aprovou uma lei para reprimir a violência doméstica, que estava em tramitação desde 2012. O texto criminaliza vários tipos de ofensa, que vão do abuso verbal e psicológico ao estupro. A legislação também garante às vítimas aconselhamento e outras formas de suporte.

— A lei criou uma rede de segurança para as mulheres — disse Joan Nyanyuki, diretora da Coalizão contra a Violência contra Mulheres. — Apesar de o estigma e a vergonha continuarem, as mulheres agora têm confiança em comunicar os casos de violência doméstica, porque elas sabem que é ilegal e que existe um lei.