Policial

Golpistas ameaçam expor “intimidades” de políticos e empresários

Uma suposta garota entra em contato com a vítima pelo Messenger, do Facebook, e a conversa evolui para o WhatsApp. A menina envia fotos íntimas que seriam dela e pede para a vítima também enviar

Golpistas ameaçam expor “intimidades” de políticos e empresários

Reportagem: Cláudia Neis

Marechal Cândido Rondon – Um golpe de extorsão vem sendo aplicado em larga escalada na região de Marechal Cândido Rondon. Somente o advogado Christian Guenther atendeu nas últimas semanas quatro vítimas do golpe. “O modus operandi é sempre o mesmo. Uma suposta garota entra em contato com a vítima pelo Messenger, do Facebook, e a conversa evolui para o WhatsApp. A menina envia fotos íntimas que seriam dela e pede para a vítima também enviar. Aí, quando as fotos são enviadas, um homem que se identifica como sendo o pai da menina liga para a vítima dizendo que ela é menor de idade e pede dinheiro para não divulgar as fotos”, explica Christian.

Os valores da extorsão variam entre R$ 1.500 até R$ 30 mil, conforme o “grau” da vítima. As contas repassadas para depósito são de agências do Rio Grande do Sul e os telefones utilizados têm DDD 45, o que traz mais veracidade à conversa por se tratar de um número supostamente da região oeste do Estado.

Mesmo após a vítima negar o pagamento, os criminosos insistem na extorsão. “Eu oriento meus clientes a bloquear o número de quem ligou fazendo a ameaça. Mas, enquanto o pagamento não é feito, outra pessoa entra em contato com outro número. Em um dos casos que defendo, um homem se identificou como advogado do pai da menina e deu até o endereço de um escritório existente em Marechal, mas não há ninguém com aquela identificação ali. Em outra situação, uma pessoa ligou se identificando como policial civil e também pedia dinheiro para não registrar denúncia contra a vítima. O policial civil existe, mas não tem relação com a situação e a conta utilizada com o nome dele é falsa”, acrescenta o advogado.

Registro de B.O.

Um dos clientes de Christian enfrentou dificuldades até para registrar Boletim de Ocorrência do crime. Ele foi à delegacia e, como não houve o pagamento do valor solicitado, o policial civil lhe disse que não precisaria fazer o registro porque não haveria investigação. Disse ainda que são tantos casos parecidos que chegam todos os dias que nem estavam mais registrando. A vítima fez o registro pelo boletim online.

A Polícia Civil de Marechal Cândido Rondon negou a informação de que não seja feito o registro dos boletins nesses casos. Disse que pode ter havido algum mal-entendido no momento do registro e orientação à vítima em questão.

A Polícia Civil confirmou aumento no número de casos desse golpe na cidade, mas que não existe uma estatística específica, pois existem outros golpes com o mesmo objetivo e com outro modo de agir.

A PC acrescentou que esse tipo de golpe é aplicado no Brasil todo e que a vítima não deve ceder à pressão e pagar, e que a Polícia sempre deve ser informada.