Agronegócio

Frio X Campo: Geada põe em risco trigo e milho no oeste

Metade das lavouras de trigo está em fase de frutificação

Frio X Campo: Geada põe em risco trigo e milho no oeste

Cascavel – A chegada de uma onda de frio intenso na Região Sul do País, com possibilidade de chuva congelada no oeste do Paraná, traz o risco de formação de geada, o que vai causar prejuízos significativos no campo.

A economista Jovir Ésser, do Deral (Departamento de Economia Rural) Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, alerta para riscos no trigo e em outras culturas. “Confirmando-se a ocorrência de geada de média a forte intensidade neste fim de semana, além das pastagens e da hortifruticultura, praticamente todo o trigo estará comprometido. Isso porque as áreas de trigo, em pré-colheita, terão problemas por conta da umidade, com desconto na classificação, podendo chegar a subproduto, triguilho, aproximadamente 5% das lavouras. Já as demais áreas, ainda em fase final de maturação, e as que estão em floração/frutificação ficarão comprometidas. Em resumo, diria que, do total do trigo plantado, menos de 1% foi colhido, ou seja, 99% está suscetível, seja por problemas da umidade, nas áreas de pré-colheita, seja por conta da formação de geada”, ressalta. Jovir acrescenta que, além do trigo, as lavouras de aveia também serão prejudicadas. “Em resumo, toda e qualquer planta, com formação de geada generalizada, será afetada”.

O relatório mais recente da Seab, atualizado no último dia 17, aponta que, na regional de Cascavel, a área plantada da cultura é de 180 mil hectares. Do total, 20% (36 mil hectares) está avaliado como de qualidade média e 80% (144 mil hectares), em boas condições.

As lavouras se dividem em três fases: 36% estão na fase de floração, 49% em frutificação e 15% em maturação.

Já na Regional de Toledo, a área de trigo cultivada é menor, de 49 mil hectares. Desses, 4.900 hectares, o equivalente a 10%, estão com qualidade média e 44.100 hectares, os outros 90%, estão em situação classificada como boa. Estão em fase de floração 12% das lavouras, 65% se encontram em frutificação e 23% em maturação.

Milho segunda safra

O milho segunda safra também não está livre de possíveis quebras por conta da geada. Embora 78% das lavouras já tenham sido colhidas, quase todo o restante está em fase de maturação.

Vale lembrar que a safra já deve registrar quebra por conta da falta de chuva no plantio e durante o desenvolvimento da planta. A estimativa inicial é de perdas de 17%, mas pode variar conforme avança a colheita.

Na regional de Cascavel, foram plantados 218.181 hectares, dos quais 40 mil hectares (65%) está avaliado como qualidade média e 21.539 hectares (35%) têm avaliação boa.

Na regional de Toledo, 77% da área total de 419.030 hectares cultivados está colhida. Por lá, 28.913 hectares são avaliados como ruim; 33.732 hectares como médios e outros 33.732 como de boa qualidade.

Cenário não é favorável para neve, avalia Simepar

Curitiba – Ao contrário do que prevê Clima Tempo e MetSul Meteorologia, o Simepar informa que não será desta vez que vai nevar no Paraná. O órgão acompanha a formação da massa de ar polar que chega à Região Sul do País e avalia que o cenário no Estado não é favorável para a neve. A probabilidade maior é que o fenômeno atinja as serras gaúcha e catarinense e talvez cidades mais altas do Paraná, como Palmas, na região sul do Estado, mas em menor intensidade.

Contudo, a previsão é de queda nas temperaturas a partir de quinta (20) e o Simepar não descarta a possibilidade de geada em algumas regiões no fim de semana. A condição também é influenciada pela chuva, já que, com o solo molhado, torna-se mais difícil a formação de gelo. A previsão pode ser acompanhada no serviço do Alerta Geada, disponível no site do Simepar (www.simepar.br).

Um dos fatores que inibem a formação de neve são as chuvas constantes desde o último fim de semana. A condição ideal para a neve inclui temperaturas abaixo de zero e a formação de garoa. Como as precipitações nesta semana devem ficar em uma média de 15 milímetros a 20 milímetros, elas não colaboram com o fenômeno, esperado por alguns e temido por outros, principalmente pelos agricultores.

“Há um pouco de sensacionalismo nas redes sociais, mas, pela condição atual e a que se projeta para os próximos dias, é difícil que isso ocorra. As condições nesta semana não são favoráveis para a neve, a não ser em regiões mais altas, como em Palmas, mas as chances também são pequenas”, explica o meteorologista Marco Antonio Jusevicius, coordenador de Operação do Simepar.

Luz e água

A aproximação da massa de ar polar também causa apreensão em outras áreas, como no fornecimento de água e energia. O frio intenso pode romper os cabos da rede de distribuição, por isso a Copel se preparou e aumentou o número de equipes em sobreaviso, caso haja algum problema nesse sentido.

A orientação da Sanepar é que a população proteja seus hidrômetros. As temperaturas muito baixas e a possibilidade de geada fazer com que a água congele no hidrômetro ou nas tubulações externas de ligação de água, trazendo transtornos para as pessoas.

Chuvas não diminuem efeitos da estiagem severa

Curitiba – As chuvas dos últimos dias não foram suficientes para modificar o cenário de crise hídrica que afeta principalmente Região Metropolitana de Curitiba. Nessa terça-feira (18), os níveis dos reservatórios do Sistema Integrado de Abastecimento da Região Metropolitana chegaram a quase 30%, o que significa uma situação ainda bastante crítica e requer o empenho da população para alcançar a Meta20 lançada pela Sanepar com o objetivo de reduzir em 20% o consumo de água.

“O fator preponderante continua sendo a chuva. O rodízio e a redução do consumo potencializam os efeitos da chuva. Nessas condições, fica afastada, neste momento, a possibilidade de mudarmos o rodízio para o modelo mais drástico, que seria o de 24 horas com água e 48 horas sem”, explica o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky.

Se as chuvas se mantiverem nos próximos dias, a expectativa é de que os reservatórios cheguem ao dia 1º de setembro com os mesmos níveis de 1º de agosto (em torno de 30%). Na semana passada, o índice estava baixando dia a dia, e chegou a 27%, o pior da história da Sanepar. “Infelizmente, o déficit acumulado é muito grande e as precipitações continuam insuficientes para corrigir os efeitos da estiagem mais severa já registrada no Paraná. Por isso a importância de cumprirmos a meta de economia de 20% e a manutenção do rodízio. Vamos ganhando tempo até que as chuvas sejam em volume suficiente para atingirmos a normalidade,” afirmou o diretor da Sanepar.