Cotidiano

Exposição Heróis Nacionais retrata atletas longe do lugar comum

O fotógrafo carioca Daniel Mattar surfa desde sempre, começou a treinar um pouco de tênis, mas, na verdade, nunca foi um cara dos esportes, daqueles que assistem aos jogos ou sabem a escalação de um time. Então, foi com esse olhar estrangeiro que ele captou cenas de atletas olímpicos para o ensaio Heróis Nacionais, projeto que começou em 2010, quando foi lançado um calendário, e, agora, ganha mais fotografias e uma exposição no segundo piso do Shopping Leblon, a partir de terça-feira e até o dia 24 de julho.

Por conta do olhar fresco e nada viciado em cima dos esportes, as fotos trazem uma estética diferente ao tema. Para começar, o estúdio foi envelopado com um tecido preto de veludo gigantesco, acabando com todo o colorido típico das quadras e uniformes.

— Tive um olhar de fora tentando interpretar plasticamente aquela história. Com este tipo de cenário, tirei o atleta do lugar comum e o levei para um fundo etéreo — comenta Daniel, e continua. — Mais do que um retrato, as cenas mostram a atividade, a integração da pessoa com o seu equipamento.

Ao todo foram 22 cenas, mas apenas 18 estarão no shopping. Este ano, foram fotografados Bernardo Oliveira (tiro com arco), Henrique Haddad (vela), Juliana Veloso (saltos ornamentais), Marinalva Almeida (vela adaptada), que fazem parte da equipe olímpica brasileira, e ainda Ingrid Santos (saltos ornamentais), Kacio Freitas (ciclismo), Lara Puglia (nado sincronizado) e Pedro Drummond (remo). Em 2010, nomes como Martine Grael e Isabel Swan (vela) e Clarisse Menezes (esgrima) foram para o estúdio.

— O que seria fotografado era imprevisível. Muitos nunca tinham entrado em estúdio, outros eram introspectivos, mais travados. Mas estas surpresas acabaram virando os trunfos das cenas — lembra Daniel, que usou iluminação pontual e ainda recursos que mostram o movimento através do lastro de luz para dar a ideia de potencia e velocidade.

TIMIDEZ E BALDES DE ÁGUA

Bernardo Oliveira, esse que está lá em cima, por exemplo, é um rapaz de 23 anos supertímido. Foi preciso algum cuidado da equipe para descontraí-lo. Nas fotos com água, assistentes tinham que jogar baldes nos atletas e, claro, nem sempre saía como o planejado. E por aí vai…

— Estes acasos fizeram com que o clichê ficasse longe. Fiz uma foto do Bernardo em que ele não está posando, e sim se preparando para. E a maneira com que a água caiu sobre a Giovana Stephan fez com que ela parecesse usar um capacete — percebe o fotógrafo, que trabalhou ao lado da stylist Bebel Moraes e de Vini Kilesse, que assina a beleza. A curadoria dos atletas foi de Lauro Wöllner, este sim super dedicado aos esportes. Ele, que é competidor de vela e triatlo, selecionou os nomes junto ao Comitê Olímpico Brasileiro e avisa que a ideia é seguir fotografando outros heróis.

— Queremos registrar mais esportistas e concretizar o ciclo com um livro — antecipa Lauro.