Opinião

EDITORIAL: A pesada máquina pública

A cada dez reais que os brasileiros produzem, 1,5 é usado para pagar servidores públicos. A conta anual chega a R$ 725 bilhões, 10,5% do PIB (Produto Interno Bruto – soma de toda riqueza produzida no País). Os dados são de um estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e fazem parte do Atlas do Estado Brasileiro.

A explicação, além dos bons salários acrescidos com gratificações, cargos de confiança e plano de carreira, é o aumento da quantidade de servidores: entre 1995 e 2017, o número de funcionários da União, dos estados e dos municípios cresceu 60%, passando de 7,5 milhões para 12 milhões.

A conta maior fica com os estados (R$ 287 bilhões) e os municípios (R$ 257 bilhões), que vivem no limite (e acima dele) prudencial. Os servidores federais consomem R$ 177 bilhões.

O maior crescimento de pessoal foi observado nos municípios: 175% em duas décadas, passando de 2,4 milhões para 6,5 milhões, mais da metade do contingente. Na esfera federal, o aumento foi de 25% (de 950 mil para 1,2 milhão) e, nos estados, de 28% (de 2,9 milhões em 1995 para 3,7 milhões em 2016).

Parte da explicação dessa disparidade é o fato de ter sido criado até 2003 um total de 1.456 novos municípios. Outro fator é o aumento da responsabilidade das prefeituras, que nos últimos anos assumiram boa parte dos serviços públicos, especialmente educação e saúde.

Considerando que não há estrutura pública que não reclame da falta de servidores, é possível imaginar como ainda pode aumentar esse buraco sem fundo.