Política

CPI das Mortes nas UPAs avança

Preliminarmente, a Secretaria de Saúde estima uma redução de 50% de óbitos no primeiro semestre em comparação ao ano passado

Foto: arquivo
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Reportagem: Josimar Bagatoli

Com as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) lotadas e a dificuldade no encaminhamento para os hospitais com leitos para alta complexidade, os vereadores decidiram ontem mesmo organizar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as mortes que ocorrem nas UPAs, serviço sob a responsabilidade do Município.

A mobilização inicial partiu do vereador Jorge Bocasanta (Pros), que logo teve apoio parlamentar suficiente para que fosse montado o documento que promete ser levado ainda hoje ao presidente Alécio Espínola (PSC) – dependerá deste a abertura ou não da CPI.

Dados repassados pela Secretaria de Saúde à Câmara de Vereadores apontam que neste ano, houve 40 mortes na UPA Brasília, 24 na UPA Tancredo e 54 na UPA Veneza, total de 118. Preliminarmente, a Secretaria de Saúde estima uma redução de 50% de óbitos no primeiro semestre em comparação ao ano passado.

Em todo o ano de 2018, os números assustam: 243 mortes considerando as unidades. Em 2017, houve 145 óbitos na UPA Veneza, zero na Tancredo (estava sem atendimento devido a obras) e 93 na UPA Brasília, um total de 238 mortes.

Já se manifestaram a favor da CPI, além de Bocasanta: Paulo Porto (PCdoB); Nadir Lovera (Avante); Serginho Ribeiro (PDT); Sebastião Madril (PMB); Fernando Hallberg (PDT) e Pedro Sampaio (PSDB).

A investigação não ficará restrita à Secretaria de Saúde e atingirá também o Consamu (Consórcio Intermunicipal do Samu Oeste), o Hospital Universitário e o Cisop (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná).

Embora a preocupação seja antiga, o estopim para o encaminhamento da investigação parlamentar foi uma reunião “secreta” – segundo a Comissão Permanente de Saúde da Câmara – que estava sendo realizada sexta-feira na 10ª Regional de Saúde entre Consamu, HU e Ministério Público. Ao saberem do encontro, os vereadores Josué de Souza (PTC) e Bocasanta foram até a 10ª Regional. Quando chegaram os vereadores, o assunto foi interrompido. “Essas reuniões de interesses acima da população devem acabar. Somos sem educação, mas não compactuamos com essas mortes covardes nas UPAs. O Cascá [Paulo Sérgio Wolff – reitor licenciado na Unioeste] terá que responder por muitas ações e por essas mortes covardes”, disse Bocasanta.

Segundo os vereadores, são nessas reuniões que se debatem situações como o fluxo de pacientes hoje encaminhados às UPAs quando deveriam ser levados a leitos hospitalares. “Não queremos que o helicóptero do Consamu traga mais pacientes da região para as nossas UPAs, onde muitos acabam morrendo. Enquanto isso, hospitais como Nossa Senhora Salete, São Lucas e HU ficam com os leitos vazios. No HU, os médicos não querem trabalhar e nos demais não querem ter prejuízo. Isso é covardia”, acusa Bocasanta.