Policial

Cigarros: Contrabandistas terceirizam entrega por transportadoras

O foco é o aumento de registros de um negócio ilícito

Cigarros: Contrabandistas terceirizam entrega por transportadoras

Reportagem: Juliet Manfrin 

Cascavel – A Receita Federal e a Polícia Federal da Delegacia de Cascavel intensificaram nesta semana a fiscalização a transportadoras de cargas por toda a região. O foco é o aumento de registros de um negócio ilícito: contrabandistas estão “terceirizando” o transporte de cigarro ilegal, estratégia que lhes confere queda nos custos e menos riscos, sobretudo diante do acirramento da fiscalização na faixa de fronteira.

Parte passou a contratar o serviço de entrega, feito por essas transportadoras, para levar cigarro contrabandeado do Paraguai para todos os cantos do Brasil.

Segundo o delegado-chefe da PF, Marco Smith, desde o início do ano até agora foram interceptados pelo menos dez carregamentos com cigarros convencionais ou eletrônicos, todos contrabandeados.

A partir do aumento de casos, nesta semana as duas forças se uniram para fazer uma varredura que deve ser intensificada nas próximas semanas.

Ontem, por exemplo, foram apreendidos em uma transportadora de Cascavel cerca de 300 quilos de cigarros eletrônicos, que totalizavam cerca de R$ 100 mil. O destino era o estado de São Paulo. O despachante estava na empresa na hora da abordagem e acabou preso.

Como funciona

Ainda segundo o delegado da Polícia Federal, não há qualquer evidência de envolvimento das empresas de transportes no esquema. Isso porque quem tem enviado por elas utiliza notas fiscais falsas e utiliza uma série de artimanhas. Para não chamar atenção, os grupos fazem uma espécie de rodízio, sem repetir os transportadores e em parte dos casos, mais do que uma simultaneamente.

A modalidade de “terceirização” em expansão tem como objetivo, entre outros aspectos, diminuir os riscos de fiscalização em transporte próprio que exige uma logística aprimorada e que custa muito caro, sobretudo com o pagamento de propina a agentes públicos.

A terceirização da cadeia de logística pode ir além. Essa forma de transporte também deixa longe das investigações – ao menos durante o percurso – o embarcador e o receptor, que utilizam documentos falsos para despachar ou receber.

As investigações em curso revelam ainda que os destinos são diversos, mas entre os mais frequentes estão o Norte do País, o Nordeste e depois São Paulo.

Sindicato emite alerta

A situação também chama a atenção do Sintropar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Oeste do Paraná). Para o presidente Wagner Adriani Pint, a entidade faz recomendações expressas aos transportadores sobre as formas de envio e que devem seguir regras rígidas determinadas pela Receita Federal.

“Essa é uma situação que preocupa, porque algum procedimento não está sendo seguido corretamente. Se há nota fiscal fria, alguém a emitiu, depois existe a conferência, o endereço da NF com o local da coleta. Tudo isso precisa ser observado em detalhes”, considera.

Ainda de acordo com o presidente do Sintropar, se a NF foi deixada na empresa para ser despachada, o transportador precisa ficar com uma cópia, bem como tomar nota do RG do despachante. “São procedimentos básicos para serem seguidos em uma região de fronteira como a nossa. No caso de não serem seguidos, preocupa porque a transportadora foi negligente em relação aos cuidados que deveria ter adotado”, destacou.