Agronegócio

Chuva vem em boa hora para o trigo; preocupação é com a geada

Segundo dados do Simepar, a previsão é de mais chuva no começo da próxima semana

Chuva vem em boa hora para o trigo; preocupação é com a geada

Cascavel – A chuva da última quinta-feira (25) em Cascavel e região veio em boa hora para as lavouras de trigo, pois a maior parte está em fase de desenvolvimento vegetativo. Segundo dados do Simepar, a previsão é de mais chuva no começo da próxima semana. Na segunda-feira (29) deve chover 15 milímetros e na terça (30), 22 mm.

“A chuva, nesse momento, ajuda no desenvolvimento das plantas, vai contribuir para uma boa floração e o desenvolvimento dos grãos”, explica a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural) de Cascavel.

A grande preocupação é com a possibilidade de geada em julho, quando as lavouras de trigo estarão na fase de floração e/ou enchimento dos grãos. O mês começa gelado, com mínimas de 4ºC nos dias 1º e 2 de julho, quarta e quinta-feira.

“Ano passado perdemos parte da produção por conta das geadas, por isso, quando os termômetros caem muito, ficamos preocupados. Mas a perspectiva é boa e esperamos que a geada não venha com força neste ano”, ressalta a engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini, do Deral.

Produtores de Cascavel plantaram 180 mil hectares de trigo e a estimativa de produtividade é de 3.350 kg/há, podendo chegar a 603 mil toneladas do grão nesta safra, segundo dados do Deral. Já na região de Toledo, os produtores plantaram 49 mil hectares, com previsão de colher 147 mil toneladas.

A área cultivada neste ano é maior do que a do ano passado. “Tivemos um atraso na colheita da safra da soja 2019/2020, em função disso, ficou tarde para plantar o milho, por isso, muitos produtores optaram por plantar o trigo”, explica Jean Marie.

Perdas

No ano passado, produtores de Cascavel perderam 29 mil hectares de área plantada de trigo em função das geadas de julho – plantaram 159 mil e colheram 130 mil hectares. A safra começou com estimativa de colheita de 3.375 kg/ha e caiu para 1.476 kg/ha.

Já em Toledo, a perda foi de 1 mil hectares (foram colhidos 23 mil/ha), e a produtividade caiu de 3.350kg/ha para 1.520 kg/ha.

No Estado

Em todo o Paraná, houve aumento de algumas áreas cultivadas. Os núcleos regionais de Pato Branco e Ponta Grossa são os principais responsáveis por esse aumento. Assim, a estimativa de produção chega a 3,7 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 72% na comparação com o volume da safra 2018/2019. A área estimada nesta safra é de 1,1 milhão de hectares, 10% superior ao ano passado.

Aproximadamente 89% da área está plantada. Apesar do atraso no início do plantio, agora a situação foi estabilizada, e pode-se considerar até um adiantamento nessa etapa, com exceção da região norte do Estado, que registrou problemas em lavouras plantadas muito cedo. “De maneira geral, a cultura está indo bem e a produção estimada condiz com a demanda das indústrias de moagem no ano passado”, diz o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho.

Feijão tem perda de 40%

A segunda safra partiu de um potencial inicial de produção de 437 mil toneladas. Agora, estima-se um volume de 263 mil toneladas – uma redução de 40%. Com relação à safra anterior, registrou-se uma redução de área de 10% e uma redução de produção de 27%. A segunda safra está 87% comercializada. Até agora, 97% da área está colhida, podendo finalizar na próxima semana.

Neste momento, outros estados brasileiros estão abastecendo o mercado. Já a terceira safra paranaense vai abastecer o mercado em agosto e setembro.

Com relação aos preços, de maio para junho houve uma queda de 11% no feijão-cores e um aumento de 1% no feijão-preto. “Daqui para frente, a tendência é que se mantenham preços menores no feijão-cores e haja equilíbrio de preços no feijão-preto”, explica o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador. Em junho, a saca de 60 kg de feijão-cores foi comercializada, em média, por R$ 273,91, e o feijão-preto a R$ 221,75.

A produção estimada da terceira safra é de 2 mil hectares, com produção de 2 mil toneladas. De acordo com o Deral, as condições de campo não estão muito boas.