Cotidiano

Ausência de sol aumenta a carência por vitamina D

Quem mora em Curitiba já está acostumado com o tempo meio fechado, nublado e cinzento. A situação até já virou vários memes nas redes sociais. E isso não é apenas um “achismo”, mas sim um fato comprovado de que por aqui o sol não gosta muito de ficar. Dados do Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) mostram que a capital paranaense é uma das cidades menos ensolaradas de todo o mundo, perdendo até mesmo para cidades mundialmente conhecidas pelo clima fechado.

Mas o que a presença ou não do sol tem a ver com a nossa saúde? Tudo! Segundo a endocrinologista da Neoclinical e membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), Camila Luhm, dependemos muito da luz solar para garantir estoques adequados da vitamina D no organismo.

“O sol é a principal fonte de vitamina D, então sem sol não há vitamina D. A principal função dela no nosso organismo é regular os níveis de cálcio. Seu benefício para manutenção de ossos saudáveis é incontestável, sendo ferramenta importante para prevenção e tratamento da osteoporose e de fraturas. Estudos mostram que a vitamina D fortalece também o sistema muscular, principalmente em idosos, melhorando a força muscular e reduzindo o risco de queda”, esclarece a endócrino.

Outros benefícios

Outros benefícios têm sido atribuídos à vitamina D, como prevenção de diabetes, câncer, doenças do sistema imune (como esclerose múltipla) e de doenças cardiovasculares (como derrame e infarto). Segundo a especialista, nessas situações clínicas, sua eficácia não se encontra comprovada, e mais estudos precisam ser feitos para confirmar os efeitos além do esqueleto.

Tempo de exposição solar por dia

Para aproveitar os benefícios do sol, o tempo médio de exposição diária seria de 15 a 20 minutos ao sol, sem protetor solar em braços, pernas, abdômen e costas, mas com o rosto sempre protegido. Depois desses minutos de exposição ao sol sem proteção, o uso do filtro é essencial. O horário para que ocorra produção de vitamina D pelo organismo é das 10h até as 15h, por causa do ângulo de incidência dos raios solares.

E se eu não puder tomar sol?

Apesar de o sol ser importante fonte de vitamina D, alguns pacientes têm restrição à exposição ao sol sem filtro solar (como histórico de câncer de pele) ou até mesmo por morarem em cidades com baixa exposição solar (como é o caso de Curitiba). Para eles, a solução é fazer a suplementação através de vitaminas, que estão disponíveis em diferentes dosagens e apresentações, que devem ser personalizadas de acordo com a necessidade de cada pessoa.

Reposição da vitamina D

Se ao fazer um exame de sangue os níveis de vitamina D estiverem abaixo do normal, é bom procurar ajuda médica. “Toda suplementação deve ser feita sob supervisão médica e com cautela, já que níveis excessivos, acima de 100 ng/mL, são considerados risco de hipercalcemia (quando a quantidade de cálcio no sangue é maior do que o normal) e podem ocasionar intoxicação”, aconselha a endocrinologista Camila Luhm.

Para pacientes jovens e saudáveis, níveis acima de 20 ng/ml são aceitáveis. Já para os grupos de risco como idosos, gestantes, pacientes com raquitismos ou osteoporose, doenças autoimunes e bariátricos, níveis entre 30 e 60 ng/mL são recomendados.

Fatores que dificultam a síntese da vitamina D

Alguns fatores dificultam a síntese de vitamina D, tais como condições clínicas, cor da pele e pessoas idosas. “Os idosos precisam de mais tempo expostos ao sol e, mesmo assim, na maioria dos casos, não conseguem manter níveis adequados da vitamina D no corpo, principalmente após os 70 anos. Outro ponto importante que devemos ressaltar é a saúde do paciente: pessoas obesas, com insuficiência renal ou hepática também têm mais dificuldade em sintetizar a vitamina. E em relação à pigmentação da pele, quanto mais escura a pele, mais tempo sem protetor solar será necessário para garantir uma produção adequada da vitamina”, resumiu a especialista Camila Luhm.

Outras fontes

Alimentos como leite, manteiga, gema de ovo e peixes de água fria, a exemplo do salmão, também são fontes de vitamina D, porém em quantidades insuficientes para manter de níveis normais da vitamina.