Cotidiano

Após confirmação de covid-19, força-tarefa testa índios em aldeia

Os testes são do tipo PCR, com 95% de confiabilidade do diagnóstico

Foto: Adenésio Zanella
Foto: Adenésio Zanella

São Miguel do Iguaçu – Integrantes da força-tarefa liderada pelo Ministério Público Federal estão na aldeia do Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, para aplicar testes de covid-19 em toda a comunidade. Os testes são do tipo PCR, com 95% de confiabilidade do diagnóstico.

A força-tarefa é formada pela 1ª Vara Criminal de São Miguel do Iguaçu, pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pela Secretaria de Administração de São Miguel do Iguaçu, pelo Cime (Conselho Indigenista Missionário), pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), pela Funai (Fundação Nacional do Índio), pelo Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, pela Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), pela 9ª Regional de Saúde do Paraná e pela Itaipu.

O grupo foi formado a partir da apuração de casos suspeitos de covid-19 na localidade para garantir a proteção dos indígenas e evitar a propagação da doença.

O MP e a Prefeitura de São Miguel isolaram a reserva. Os indígenas identificados como positivados para a doença foram remanejados para a escola da aldeia e barracas montadas no local pela prefeitura. Até a manhã de ontem (22), 35 testaram positivo para o novo coronavírus.

A Sesai providencia profissionais de saúde para apoiar nos atendimentos. Inicialmente, foram aplicados testes rápidos na comunidade. A Fundação Itaiguapy, que administra o Hospital Ministro Costa Cavalcanti, mantido pela Itaipu, está dando suporte aos profissionais de campo da Unila.

Entre outras medidas, além do isolamento da aldeia, da proibição de visitas desde sábado e da testagem, foram colocados à disposição da comunidade leitos hospitalares. Também foram discutidas medidas relacionadas às empresas que empregam indígenas da reserva, medidas sanitárias, de saúde e ação social no município.

Aldeia foi isolada e as visitas estão suspensas por enquanto – Foto: Adenésio Zanella

MPF e MPT pedem afastamento de indígenas de frigoríficos

O MPF (Ministério Público Federal) e o MPT (Ministério Público do Trabalho) enviaram recomendação à Cooperativa Lar para o afastamento remunerado imediato de todos os trabalhadores indígenas durante a pandemia de covid-19. O documento também recomenda que não seja realizada rescisão do contrato de trabalho de indígenas, podendo configurar ato discriminatório.

A recomendação vale para os estabelecimentos de Matelândia e Medianeira e considera os trabalhadores indígenas grupo de risco, especialmente pela maior chance de contaminação nas comunidades em que estão inseridos. O documento lembra que “viroses respiratórias foram vetores do genocídio indígena em diversos momentos da história do País”.

A recomendação à empresa agroindustrial também leva em consideração que “os frigoríficos são ambientes de trabalho propícios para disseminação do vírus causador do coronavírus, diante das características científicas evidenciadas da forma do contágio”.

O documento determina que seja informado ao MPF ou MPT, em até cinco dias corridos, quais providências foram tomadas.