Cotidiano

Após anúncio da votação de aumento de ministros, Caiado ameaça deixar de apoiar governo

BRASÍLIA – O clima entre líderes da base do governo no Senado contrários a novos reajustes salariais esquentou ainda mais nesta quarta-feira depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou que colocará em votação, dia 06 de setembro, o aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria Geral da República. O líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO), anunciou que passada a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, convocará reunião da Executiva nacional para rediscutir a participação do partido no governo Michel Temer. Caiado disse que o ajuste fiscal do governo está virando ?uma encenação?.

Hoje a noite os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) tentam reunir, em um jantar, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), e Michel Temer. Ontem os tucanos ficaram em pé de guerra com ações do PMDB para agilizar a votação do aumento do STF, contra parecer do relator da matéria na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

? Não admito participar de uma mentira. Se não houver uma mudança de rumo, não tenho motivos para me envolver com o projeto. Isso começou com a aprovação de reajustes para 14 categorias de servidores. Agora, mais uma leva de aumentos, com o agravante de que os salários do Supremo repercutem em cascata sobre outras remunerações. Não vou participar desse teatro ? avisou Caiado, no mesmo tom da cúpula do PSDB.

Segundo Caiado, que começa a aparecer nas pesquisas de intenção de votos para 2018, ou o governo assume uma posição e o partido do presidente segue essa posição ou não terão seu meu apoio.

? Estão patrocinando projetos eleitoreiros a poucos dias das eleições municipais. Nós passamos por vilões, somos os que não querem dar aumentos. Eles passam por benfeitores. E que se dane o ajuste fiscal. Daqui a pouco virão os reajustes para deputados e senadores, que seguem os vencimentos do Supremo. Como é que vou explicar uma coisas dessas para as pessoas que foram às ruas? ? protestou Caiado.