Cotidiano

Afinal, por que as rugas se formam?

Apesar de natural, o envelhecimento da pele e o aparecimento de rugas e linhas de expressão são vistos como um grande problema por muitos. Com isso, a busca por tratamentos rejuvenescedores e antirrugas é cada vez maior. Mas afinal, por que as rugas se formam?

Segundo a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery), a face é composta por várias camadas e, em algumas áreas, a pele fica praticamente sobre os músculos. Por isso, cada vez que o músculo é contraído, o tecido acompanha fazendo curvas e dobras que conferem expressão ao rosto. “Conforme o movimento dos músculos, todas as camadas da pele encurtam e distendem às vezes formando dobras. Devido às fibras de colágeno e elastina, a pele possui a capacidade elástica de voltar ao estado original após o movimento muscular. Porém, com o envelhecimento, as propriedades físicas da pele se alteram. A quantidade e a qualidade das fibras se modificam e a pele não consegue mais voltar ao estado original. Então, mesmo sem contrair os músculos, as rugas ficam perceptíveis. Estas são chamadas de rugas estáticas”, explica a médica.

O principal causador do aparecimento dessas rugas é a qualidade da pele, que pode ser comprometida por fatores internos como genética, características anatômicas e idade, ou externos, como exposição ao sol, poluição e tabagismo.

Por exemplo: uma pele mais espessa tende a demorar mais para apresentar rugas, assim como peles mais secas têm maior tendência a rugas.

Além disso, fatores como exposição solar, poluição e hidratação também influenciam no envelhecimento da pele. “Os raios UVA e UVB causam lesões na pele desde a epiderme até camadas mais profundas da derme, modificando o colágeno, a elastina, a regeneração da epiderme, aparecimento de manchas, aumentando assim a predisposição ao aparecimento de rugas”, acrescenta a cirurgiã plástica.

Prevenção

De acordo com Beatriz, o melhor tratamento é a prevenção. A utilização de cremes e filtros solares de forma contínua auxilia na manutenção da qualidade da pele e na prevenção do aparecimento das rugas. “A proteção solar e a hidratação são fundamentais para o bom funcionamento de todas as estruturas. Existem cremes que promovem hidratação profunda na pele e permitem melhor funcionamento das fibras e das células. Além disso, os ácidos são capazes de retirar a camada córnea, promovendo uma pele mais macia e melhorando a hidratação do tecido”, explica.

Tratamento

Após o aparecimento das rugas, o tratamento depende da causa e da profundidade delas. Por exemplo, rugas de expressão devem ser tratadas com toxina botulínica, paralisando o músculo por baixo da pele, o que significa a perda da expressão pela qual o músculo é responsável. Já as rugas estáticas, que também dependem da ação dos músculos, podem ser tratadas com a toxina botulínica, mas são necessários outros procedimentos que variam conforme a profundidade da ruga. “Rugas superficiais podem ser tratadas apenas com a hidratação da pele, existem inúmeros cosméticos que recuperam a epiderme e a derme superficial. Rugas mais profundas, que podem atingir todas as camadas da derme, precisam ser tratadas com peelings mais profundos, lasers e preenchedores com ácido hialurônico. Além desses, os estimuladores de colágeno ou bioestimuladores também podem ser utilizados”, explica Beatriz Lassance.

Segundo a médica, o envelhecimento da pele também pode estar associado a flacidez dos tecidos mais profundos como músculos e ligamentos. Se for o caso, a cirurgia pode se fazer necessária. “É sempre importante lembrar que nenhuma cirurgia substitui o cuidado com a pele. Uma cirurgia facial, chamada de lifting ou ritidoplastia, promove um resultado muito melhor se a pele for bem tratada. Além disso, considero muito importante o trabalho conjunto do cirurgião plástico com o dermatologista”, completa a cirurgiã.

Açúcar é um dos principais marcadores do envelhecimento

Um dos sete marcadores do envelhecimento está todo dia na mesa durante as refeições: o açúcar. Nomeado como um dos Seven Skin Ages (sun, sugar, sleep, stress, skin care, smoking e second), o açúcar é perigoso, pois não está presente apenas nos doces: tudo que vira açúcar no organismo pode envelhecer a nossa pele se consumido em demasia. “É importante se atentar para carboidratos, farináceos brancos, que também se transformam em açúcar. Consumimos açúcar indiretamente o tempo todo para gerar energia. Se esse consumo for exagerado, esse processo se acumulará no organismo e se inicia a glicação”, diz a dermatologia Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

A médica explica que a ingestão de açúcar em demasia na dieta colabora para um processo de glicação, no qual as fibras de colágeno e elastina endurecem por reagirem com esses açúcares. Com isso, elas perdem a questão da maleabilidade, da flexibilidade, da sustentação e da ancoragem da pele. O açúcar também está ligado, segundo estudos, ao aparecimento de manchas. “O acúmulo de AGEs (espécies avançadas de glicação) provocam ainda a perda da volumetria natural, que é o contorno e a sustentação além do tônus, e com isso inicia-se uma mudança da boa morfologia e da anatomia primária da pele jovem”, completa.

Isso ocorre porque os AGEs derivados de espécies avançadas reativas de glicação geram ação inflamatória e envelhecimento precoce de todo o sistema.

Quando ocorre a quebra das proteínas do colágeno e da elastina, isso acontece, de acordo com Claudia, tanto em relação à derme papilar como à derme reticular. “Nós temos a quebra da elastina, fazendo uma ancoragem de sustentação mais profunda, e o colágeno do tipo 1, tipo 3 e do tipo 7 que está bem na junção de epiderme e derme. Com isso, há um processo de desnaturação dessas proteínas, ou seja, há uma perda do quadro de arranjo, do arquétipo natural da pele, que é desestruturado com consequente perda de proliferação com relação às células e também a matriz extracelular onde está localizado o ácido hialurônico. Ou seja, existe uma desorganização da arquitetura da pele e uma fratura das proteínas de sustentação.”

A consequência disso é que a sustentação da pele é desestabilizada e há uma consequente aparição de volumetrias negativas, ou seja, depressões e a formação de linhas, de rugas e de vincos cada vez mais profundos.

Claudia lembra que o excesso de açúcar no corpo também contribui para piorar a acne na pele: “Isso acontece porque neste cenário existe uma inflamação e, com a presença do açúcar, há um processo de piora”.

Como combater

Graças aos estudos e aos avanços tecnológicos na área, existem no mercado produtos que agem como antiglicante e deglicante (revertendo o processo de glicação). “O nutracêutico Glycoxil é um peptídeo biomimético da carcinina que atua como antioxidante, antiglicante e desglicante, possui a capacidade de bloquear o açúcar excedente, impedindo que se liguem as proteínas ao colágeno. Ele também desliga o açúcar que se ligou ao colágeno revertendo o processo. Dessa forma, devolvemos às proteínas as suas características iniciais e funcionais. E também por proteger da ação dos raios UVB, protege o DNA celular dos danos oxidativos. A associação com silício orgânico biodisponível Exsynutriment age melhorando o aspecto da pele, dando mais firmeza”, explica a dermatologia Claudia Marçal.

Para potencializar, o uso tópico é fundamental: “Alistin é a opção tópica do Glycoxil, também impedindo essa reação de glicação”, sugere.

De qualquer forma, a dermatologista pontua que, antes de adquirir esses produtos, é importante ter prescrição médica. Os itens podem ser encontrados em farmácias de manipulação.