Opinião

A revitalização do Trevo Cataratas

Opinião de Dilvo Grolli

O Trevo Cataratas está entre os mais movimentados do Brasil. Construído há mais de 50 anos, transformou-se num entroncamento da maior rota de circulação rodoviária do Mercosul. Por sua estrutura inadequada e caótica, transitam mais de 4 milhões de veículos/ano, oriundos de todas as rotas internas das regiões oeste, sudoeste e centro-oeste do Paraná, além de receber veículos de outras regiões do Estado e do País.

Pelo Trevo Cataratas, escoamos 100% da produção do oeste e de outras regiões, além da produção de outros estados e de vários países da América do Sul. O fluxo desse modal contabiliza mais de R$ 25 bilhões em bens exportados, números que alavancam a balança comercial do País e mais R$ 25 bilhões em bens para o mercado brasileiro.

Líderes empresariais, acompanhados de políticos, verdadeiramente interessados em resolver o problema, encetaram diversos movimentos, sem sucesso ou com resultados tênues, apenas paliativos diante do estrangulamento que é característico do Trevo Cataratas. Ali se escancara a falta de vontade e de visão estratégica da administração pública e de consenso da sociedade, que em várias ocasiões preferiram o interesse corporativo e pessoal em detrimento do interesse comum e logístico de toda a região.

Passados 50 anos, com o novo rumo da economia do Paraná e do Brasil e com a ampliação da produção agrícola dessa região, o Trevo Cataratas “clama” por transformações urgentes e inadiáveis para melhor adaptá-lo à infraestrutura do oeste e do sudoeste do Paraná.

O Trevo Cataratas é o maior desafio da logística do Estado, independentemente das outras necessidades da região, e nesse cenário o POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) se oferece como o novo instrumento para dar fim a esse sufoco.

Criado por arranjos produtivos, com a participação de empreendedores privados, da classe política e entidades públicas e privadas, o POD reúne todas as forças vivas (políticos, empresários e profissionais) do oeste, constituindo-se no modelo para a defesa da atividade econômica e social, acima dos interesses de corporações e de municípios. Sua inspiração no passado de luta para a criação e desenvolvimento do associativismo é o principal catalizador do Plano Estratégico para o desenvolvimento do oeste do Paraná e seus municípios.

Por meio de um programa que abrange todos os setores da produção, o POD orienta políticas públicas de Estado e de longo alcance e consistentes, que envolvem o desenvolvimento sustentável das futuras gerações, nas cadeias de sanidade animal, infraestrutura e logística, Plano Energético do Oeste, Sistema Regional de Inovação, melhoramento genético e saneamento ambiental.

Esse entendimento sobre os desafios e sobre a importância da atuação estratégica para o futuro da região oeste passa pela reestruturação e pela edificação de obras, como os viadutos no Trevo Cataratas, tornando-o novo e conectado à demanda da economia da região e para a segurança e o conforto da população regional de mais de 1,4 milhão de pessoas.

A garantia da soberania e do desenvolvimento do oeste reforça a necessidade de melhorias no principal trevo do interesse do Paraná com a dimensão compatível ao cenário nacional e internacional. Com a conexão entre pessoas e o empreendedorismo coletivo, com o apoio da sociedade, podemos começar a escrever uma nova história do nosso povo, justamente no momento em que a sociedade exige soluções e mudanças.

A produção agrícola e pecuária e as agroindústrias formam a base do PIB Regional. O dinamismo e o empreendedorismo sempre impulsionaram o nosso crescimento com bastante competitividade na produção dentro das propriedades, ainda que com pouco apoio competitivo na logística.

Um novo momento do oeste, reafirmamos, está na articulação da sociedade sobre os interesses comuns e mais urgentes, onde o Programa Oeste em Desenvolvimento se torna o verdadeiro caminho de consenso para a expansão da região, sem confronto com o passado e sem corporativismo, mas com uma visão estratégica de futuro.

É importante ressaltar que existe um projeto de reestruturação do trevo, e mais importante ainda que temos em disponibilidade os recursos oriundos do acordo de leniência da Ecocataratas. E também a vontade política do governo do Estado na aplicação dessa verba nas obras do Trevo Cataratas.

Nesse momento, precisamos da conscientização da sociedade do oeste do Paraná para a imensa importância e para a necessidade de melhorias naquele trevo cujos prejuízos logísticos para a economia são incalculáveis, enfraquecendo o PIB do Estado, inclusive, nos setores de serviços e como corredor turístico com destino às Cataratas do Iguaçu e à Usina de Itaipu.

O POD, como já dissemos, constitui-se na única entidade que compartilha desafios e oportunidades comuns da sociedade do oeste do Paraná. Por isso, oferece soluções reais para os problemas da nossa região, para a verdadeira evolução do pensamento e das decisões compartilhadas. No entanto, a sua força exige imensos esforços de conscientização da sociedade para enfrentar os desafios que não podem ser resolvidos isoladamente.

Apesar do vigor que possamos admitir, não é fácil unir todos os anseios da sociedade e transformá-los em plataformas de desenvolvimento. A nossa união em uma corrente forte e com prioridades claras, como foi no asfaltamento da BR 277, a primeira a receber a pavimentação asfáltica na década de 1960 e 1970, quando numa escala sem precedentes de conscientização da região, para a grande necessidade da obra, acabou com a concretização do objetivo. A partir daí, a BR-277 constitui-se num sistema robusto de infraestrutura para o modal rodoviário, que serve até hoje de base para toda a logística rodoviária do oeste.

Por fim, queremos transformar o oeste do Paraná num lugar de equilíbrio e alta competitividade. Com projetos que contemplam as políticas de Estado e de interesse das futuras gerações. Mas, indo além, da solução dos problemas de logística que ora aventamos, será determinante para a economia e indispensável para o futuro, e este propósito só se concretizará, de forma inequívoca, com a melhoria também da malha Ferroviária, através da construção de ramais da estrada no oeste do Paraná. Sobre este tema, deveremos nos debruçar mais tarde.

O momento exige que defendamos, incansavelmente, o fim desse verdadeiro obstáculo rodoviário, em que se transformou o nosso Trevo Cataratas, com a realização, urgente, das obras de sua adequação à realidade econômica e social da região oeste do Paraná.

 

Dilvo Grolli é diretor-presidente da Coopavel