Economia

Dólar sobe a R$ 5,76 com cenário tenso

Já a Bolsa brasileira (B3) fechou em alta de 0,56%, aos 115.418,72 pontos, com apoio das ações das commodities

Dólar sobe a R$ 5,76 com cenário tenso

São Paulo – O dólar fechou em alta de 0,44%, a R$ 5,7663 nessa segunda-feira, dia de troca no Governo Bolsonaro (veja mais na página 3). Além disso, investidores continuaram receosos com o Orçamento, e evitaram o risco, após a aprovação de um volume recorde de emendas por parlamentares. Já a Bolsa brasileira (B3) fechou em alta de 0,56%, aos 115.418,72 pontos, com apoio das ações das commodities.

Na máxima, moeda americana subiu a R$ 5,80 – já o dólar para abril fechou com ganho de 0,42%, a R$ 5,7830.

Na avaliação de Thomás Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, a pressão câmbio que se vê desde a semana passada tem nome e sobrenome: o governo flertando com as pedaladas fiscais, com Orçamento inflado e as contínuas saídas dos ministérios.

A peça orçamentária aprovada pelo Congresso deve continuar sendo um problema para os investidores, principalmente após a própria equipe econômica dizer que o texto aprovado é “inexequível”. O volume recorde de emendas aprovadas, de R$ 48,8 bilhões, é um dos pontos mais questionados.

Além disso, a velocidade com a qual o real se desvalorizou frente à moeda americana também foi uma resposta para problemas vistos no fim de semana, que envolveram o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e congressistas, em especial a senadora Kátia Abreu. “Tanto que, depois de oficializada a saída de Araújo, houve um desmonte de posições, levando o dólar a uma queda adicional com o retorno do DXY naquele momento. A saída foi positiva”, complementou Giuberti.

Com o anúncio da saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o dólar, que já estava arrefecido, oscilando em torno de R$ 5,74, acelerou para a marca dos R$ 5,77.

Mesmo nos momentos em que a moeda americana foi à casa dos R$ 5,80, o Banco Central se absteve. Para o sócio da Golden Investimentos, ao deixar o dólar ir, a autoridade monetária mostra que reconhece o risco fiscal persistente e não faz sentido ir contra a maré.

Ele ressalta ainda sobre o rebote de um dólar alto sobre a inflação, que persiste, e coloca em dúvida a necessidade de o Banco Central apertar mais forte a política monetária já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). “Está com cara de que o dólar vai ficar alto mesmo. Será que o BC vai ter de elevar em um ponto porcentual a Selic? O Roberto Campos Neto [presidente do BC] disse que subiria 0,75 a não ser que houvesse algo mais extraordinário e o dólar nesse nível pode ser isso”.