A produção industrial do Paraná cresceu 1,3% em fevereiro em relação ao mês anterior. O estado ficou na oitava posição entre as 15 localidades avaliadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), inclusive acima da média nacional, que obteve 0,7% de alta. O desempenho também foi melhor na comparação com estados vizinhos, como Santa Catarina e São Paulo, ambos com 1,1% de elevação, e do Rio Grande do Sul, que ficou estável (0%).
Porém, na avaliação comparativa com o mesmo mês de 2021, o resultado é de ligeira queda de 0,9%, assim como o acumulado no primeiro bimestre deste ano, em -2,7%. Nos últimos 12 meses, a produção da indústria registra crescimento de 7,5%. “Os números mostram que a indústria cresceu em relação a janeiro, mas que o ritmo vem diminuindo nos últimos meses. Nos períodos comparativos com o ano passado, esse comportamento pode ser justificado porque no primeiro semestre de 2021, a indústria acelerou a produção para recuperar as perdas do período pandêmico, produzindo acima do ritmo normal”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Thiago Quadros. “Desde o quarto trimestre do ano passado, o setor praticamente atingiu a normalidade e vem mantendo as operações numa situação de maior acomodação”, explica.
O economista justifica que em 2021, segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), “a indústria foi o setor da economia que mais contribuiu para o crescimento do Produto Interno Bruto do estado, ou seja, das riquezas produzidas aqui”. De acordo com os dados, o PIB do Paraná cresceu 3,33% e a indústria teve uma participação importante, de 8,52%, nessa composição. Serviços ficou com 2,28% e o agronegócio teve retração de 9,53%.
Outros fatores podem influenciar os resultados da produção industrial do estado nos próximos meses, alega Quadros. Um deles é a alta da inflação, que em março foi a maior desde 1994, e o cenário de guerra no leste europeu. “A pesquisa do IBGE ainda não captou os reflexos dessa alta nos preços para a indústria, que já vem com custos pressionados desde o ano passado. Outro ponto imperceptível nos dados deste mês é o tamanho do impacto do conflito entre Ucrânia e Rússia na indústria. Mas por ambos motivos, o cenário para o setor deve ser desafiador nos próximos meses”, adianta.
Setores industriais
Na comparação com fevereiro de 2021, das 13 áreas avaliadas pelo IBGE, cinco tiveram desempenho positivo. Os setores mais produtivos da indústria foram bebidas (+20,9%), seguido de automotivo (12,6%), máquinas e equipamentos (10,2%), celulose e papel (2,6%) e madeira (0,4%). Os que mais sofreram foram móveis (-24,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-23,7%), produtos químicos (-15,3%), petróleo (-11,1%) e borracha e material plástico (-5,3%). O setor de alimentos, um dos mais relevantes do estado, encolheu 1,1%.
No ano, o cenário é parecido. O segmento moveleiro acumula 30,1% de perdas na comparação com o mesmo período do ano passado. Na sequência, vêm máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-29,7%), borracha e material plástico (-10,3%), petróleo (-7%) e produtos químicos (-6,4%). Entre os melhores estão bebidas (25,7%), máquinas e equipamentos (13,5%), celulose e papel (3,8%), e madeira (0,9%). “No setor de máquinas e equipamentos chama a atenção o trabalho em cadeia, já que parte do crescimento no primeiro bimestre se deve à produção de equipamentos têxteis, que é uma demanda resultante da boa performance do setor têxtil, em bom ritmo de recuperação após período crítico da pandemia”, completa.
Nos últimos 12 meses, o destaque é o setor de máquinas e equipamentos, com 44,8% de crescimento, e o automotivo, com 28,6%. Madeira (20,5%), bebidas (11,5%) e produtos de metal (10,4%) foram outros que evoluíram bem. A produção de caminhões, no automotivo, de tratores e colheitadeiras, no segmento de máquinas, contribuíram para os resultados do último ano.
FIEP