RIO – O governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, está disposto a fazer
qualquer tipo de ajuste para renegociar a dívida dos estados com a União. Ele
disse que reivindica hoje uma carência de um a dois anos para o pagamento do
serviço da dívida ao governo federal. Nos últimos dias, Dornelles se tornou o
principal nome entre os governadores que preparam uma proposta a ser levada à
nova equipe econômica montada há poucos dias pelo presidente interino, Michel
Temer. A expectativa é que a negociação comece a partir da próxima semana.
? Todas essas medidas que o governo quer tomar, nós aceitamos. Podem ser as
mais rigorosas possíveis ? disse o governador. Crise – 17/05
Ele defendeu que uma medida para beneficiar os estados não traria prejuízo às
contas públicas. Dornelles observou que os cálculos de déficit são referentes ao
setor público consolidado (União, estados e municípios):
? Se houver aumento de despesas, prejuízo para o governo federal e ganhos
para os estados, a situação do setor público consolidada fica a mesma. A
negociação tem que avançar porque os estados não têm como pagar. Uma maneira de
administrar é permitir a rolagem. Se não rolar, nós não pagamos. Vira calote.
DÉBITOS SÃO DE R$ 10 BILHÕES
O Rio enfrenta o desafio de lidar com um déficit previsto para este ano de R$
19 bilhões. O valor deve ser revisado, segundo Dornelles, e pode ser ainda
maior. O custo com o serviço da dívida, incluindo os encargos com a União e
bancos públicos e privados, chega a cerca de R$ 10 bilhões. As cobranças estão
suspensas desde o fim de abril, quando o Supremo Tribunal Federal (STF), que
começou a julgar o impasse entre estados e a União, determinou um prazo de 60
dias para se tentar um consenso.
Dornelles disse acreditar que a equipe econômica de Temer
vai precisar de pelo menos 30 dias para se inteirar dos problemas do país. Sobre
o posicionamento inicial do ministro do Planejamento, Romero Jucá, que disse que
uma moratória estava fora de cogitação, Dornelles observou com bom humor:
? Eles têm que começar dizendo que não aceitam nada.