Cotidiano

Relação entre empresas e política é histórica na Coreia do Sul

SOUTHKOREA-POLITICS_-GAO359A3E.1.jpg SEUL ? Política e os negócios sempre se confundiram na Coreia do Sul, criando uma rede de interesses potencialmente problemática que ajudou o país a se tornar a potência econômica que é atualmente. Até a década de 1980, o esquema era simples: as empresas precisavam de apoio político e os políticos precisavam de financiamento ? fazendo com que a corrupção fosse tolerada durante décadas. PARK

Antes do período democrático, vários governos adotaram posturas intervencionistas nas empresas, ao mesmo tempo em que aplicavam reformas de liberalização dos mercados.

O esquema ilegal foi visto como responsável pela ascensão da Coreia do Sul a uma das principais economias do mundo. A própria Samsung é um exemplo: as operações de expansão da empresa representam 15% da economia total do país, além de 20% de todas as suas exportações.

E embora não fosse incomum que altos executivos acabassem condenados por crimes de corrupção ? aconteceu inclusive com o pai de Lee Jae-yong, então dono Samsung ? eles eram inevitavelmente perdoados pelo presidente no poder e acabavam escapando das penas.

Mas a entrada do país na democracia, após o afastamento dos militares no fim da década de 1980, tornou os contatos entre políticos e empresários cada vez menos tolerados. Nos últimos anos, todos os presidentes da época democrática viram familiares envolvidos em casos de corrupção e um dos processos levou Roh Moo-hyun a cometer suicídio, em 2009. O que indica que, diferentemente do pai, o herdeiro da Samsung não deve escapar da prisão.

Acusada de extorsão, suborno, abuso de poder e vazamento de segredos de Estado, a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, de 65 anos, foi afastada do cargo na manhã de sexta-feira (horário local), após a decisão unânime dos oito juízes do Tribunal Constitucional.

Com a medida, Park perde de imediato a imunidade e pode ser formalmente acusada pelo Ministério Público. O pedido de afastamento foi protocolado pelo Parlamento, de maioria opositora, em dezembro do ano passado, quando a presidente se desculpou por ter confiado em sua amiga de mais de 40 anos, Choi Soon-sil, presa um mês antes e apontada como sua cúmplice, mas negou ter agido de maneira ilegal. Agora, a mandatária afastada pode ser interrogada pelos promotores ? o que ela se recusou a fazer repetidamente nos últimos meses.