Cascavel Somente nos primeiros quatro meses deste ano foram concretizadas 100 doações de órgãos no Paraná, 22 delas no Oeste, pela 10ª Regional de Saúde de Cascavel. O número poderia ser ainda maior caso fosse solucionado um dos principais entraves de todo o processo de doação: a recusa familiar.
Muitas famílias não sabem da vontade do familiar que foi a óbito em ser um doador de órgãos. Como o momento é muito crítico, acabam dizendo não, e infelizmente nada pode ser feito, relata a coordenadora da OPO (Organização de Procura de Órgãos) de Cascavel, Adriana Miguel. Sem a recusa familiar, as doações aumentariam 67% em todo o Estado, conforme levantamento de janeiro a abril deste ano.
O número de notificações por morte encefálica chegou a 283 no Paraná no período e, descontando as doações efetuadas, 67 delas não foram autorizadas pela família. No Oeste do Paraná, nove casos foram barrados por familiares. Mesmo assim, as doações na região subiram 57% ante o mesmo período de 2015, quando foram realizaados 14 processos.
Para conscientizar a população sobre a importância em atender o pedido do familiar, o Estado mantém a campanha Doação de Órgãos Fale sobre isso. Segundo Adriana, essa é uma forma de estimular as pessoas a conversarem sobre o assunto.É preciso que a família saiba dessa vontade, que em algum momento isso seja dito. Para se ter uma ideia, a cada doação até dez pessoas podem ser beneficiadas caso sejam doados todos os órgãos, explica Adriana.
Dessa forma, seria possível reduzir significativamente a fila de espera por um transplante, que hoje é composta por 1.980 pacientes em todo o Estado. A maior demanda, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, é por rim (1.430), seguida de córneas (340), fígado (113), coração (47), rim/pâncreas (38) e somente pâncreas (12).
Outros fatores também são considerados no momento da doação. Mesmo com a autorização da família, o processo pode ser descartado se o doador apresentar alguma contraindicação, o que representou no quadrimestre 63 doações a menos no Paraná. Na região, nove casos foram registrados.
Crescimento mesmo com resistência
De janeiro a abril deste ano, o Paraná já realizou 196 transplantes de órgãos, novo recorde ao período, desde 1995, dado que é 41% maior do que registrado no primeiro quadrimestre de 2015.
No Oeste, somados os transplantes de tecidos, o total foi de 83. Os transplantes de córneas lideraram na região, com 66 procedimentos, e 12 de rim. Esse índice coloca o Oeste como o segundo maior centro transplantador do Paraná, atrás apenas de Curitiba, que realizou 311 transplantes (órgãos e tecidos) nesse mesmo período. Em Londrina e Maringá, que completam a lista de centrais, foram respectivamente 70 e 36 procedimentos.