Cotidiano

Número de tartarugas mortas no Rio é 35% maior em 2016

2016 881540689-201601191329142048.jpg_20160506.jpg

Nos últimos 15 dias, duas tartarugas marinhas foram encontradas mortas nas praias de Niterói. Com elas, sobe para 22 o número de indivíduos achados sem vida de janeiro a abril deste ano e analisados por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense que compõem o Projeto Aruanã. A média, este ano, é 35% superior à registrada ano passado e dispara o alerta a respeito do que pode estar provocando a morte dos animais nas águas fluminenses.

Das 22 tartarugas, 12 foram encontradas em Niterói, nove no Rio e uma em Maricá. Entre as principais causas associadas à morte de tartarugas marinhas, explica a bióloga Suzana Guimarães, estão doenças relacionadas à poluição, o emaranhamento em redes e a interação com o lixo ? quando o animal ingere algum resíduo. Coordenadora técnica e científica do Projeto Aruanã, Suzana conta que já foram encontrados indícios dessas três causas nas carcaças, mas, na maioria dos casos, os laudos são inconclusivos:

? Em alguns, a gente tem evidências como linha de pesca e corte provocado por embarcação. Na semana passada, infelizmente, encontraram uma tartaruga morta em Niterói, mas abriram o animal e mexeram nele antes dos biólogos. Nesses casos, a gente já não pode emitir um laudo.

Sem concluir a causa mortis em estudos legistas, não se chega à conclusão do principal motivo das mortes.

? Esses casos podem, inclusive, estar associados simplesmente a um aumento no número de notificações ao nosso grupo. Fica difícil concluir ? pondera Suzana Guimarães.

O pesquisador da Fiocruz Salvatore Siciliano monitora animais marinhos na Região dos Lagos e encontra situação parecida por lá. Com saúde, ele explica, as tartarugas-verdes ? que correspondem a 75% dos registros no local ? vivem em média 70 anos:

? A mortalidade de jovens é alta em todas as áreas. Elas não discernem o que é plástico ou alga. Ingerem o lixo e sofrem problemas no estômago e para se alimentar. As pessoas têm que se conscientizar sobre o lixo. Quem mais sofre com tudo que é jogado em praias e rios são tartarugas e outros animais marinhos.

No ano passado, O GLOBO-Niterói revelou que, das 154 tartarugas-verdes monitoradas na Praia de Itaipu e examinadas por biólogos da Universidade Federal Fluminense desde maio de 2010, 61 delas (39,6%) apresentaram fibropapiloma ? lesão que se manifesta como um tumor, provocada por um herpesvírus e associada a fatores como poluição.