9 DE DEZEMBRO

Novos questionamentos podem atrasar a licitação do transporte de Cascavel

Entenda a polêmica licitação do transporte público de Cascavel. Novo edital enfrenta pedidos de impugnação e incertezas - Foto: Secom
Entenda a polêmica licitação do transporte público de Cascavel. Novo edital enfrenta pedidos de impugnação e incertezas - Foto: Secom

A ‘novela’ da licitação do transporte público de Cascavel ganha mais um capítulo marcado por polêmicas e incertezas. O novo edital de licitação, publicado no último mês com abertura programada para o dia 9 de dezembro, já enfrenta pelo menos três pedidos de impugnação.

Desde 2021, a promessa de modernizar o sistema e renovar os contratos se arrasta com adiamentos, questionamentos e processos fracassados. Em dezembro do ano passado, quando o Município realizou a sessão pública para a contratação das empresas, nenhuma demonstrou interesse em participar da concorrência e por conta disso um novo processo precisou ser iniciado do “zero”.

Novo edital


Após o fato, o TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado do Paraná) cobrou explicações da Transitar sobre clausulas do edital que, posteriormente, foi remodelado pela autarquia. Com o objetivo de tornar o certame mais atrativo após o fracasso, a Transitar fez alguns ajustes no edital. A principal mudança foi na forma de remuneração que agora será baseada no quilômetro rodado e não mais no número de passageiros transportados. Além disso, foi reduzida a exigência de portas nos veículos de cinco para quatro, após apontamentos técnicos de inviabilidade. O contrato tem duração inicial de 15 anos, prorrogáveis por mais 10, para garantir o retorno sobre os investimentos que serão necessários.

Impugnações


No entanto, apesar dos ajustes, o edital já enfrenta pedidos de impugnações por parte das empresa interessadas e até mesmo por um sindicato. A Viação Capital do Oeste e a Viação Santa Clara apresentaram questionamentos. Segundo as impugnantes, o processo manteve inconsistências técnicas já observadas em versões anteriores. Entre os pontos levantados estão o estudo de viabilidade desatualizado. Segundo as empresas, o projeto ignora mudanças econômicas, como a desoneração parcial da folha de pagamento e a redução da demanda de passageiros.


Ainda, segundo as licitantes, o modelo financeiro é inconsistente, uma vez que é o chamado o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital) proposto é considerado irreal, inferior à taxa Selic e às condições históricas do mercado. “O WACC proposto (7,54%) é inferior ao de 2021, quando as condições econômicas eram mais favoráveis. Isso evidencia erro na modelagem, prejudicando o equilíbrio econômico-financeiro e a atratividade do contrato”, informa o pedido.


Outro apontamento é a inadequação dos pesos na fórmula de reajuste prevista em edital. “Além disso, a ausência de transparência na publicação do fluxo de caixa atualizado impede que os licitantes avaliem a consistência do modelo, ferindo o princípio da publicidade e da isonomia”, questionam as empresas.

Modelo operacional


O modelo operacional também estaria desatualizado, segundo as empresas que questionaram o edital. “O modelo operacional proposto é idêntico ao apresentado em 2021, apesar das mudanças significativas nas condições de demanda e no mercado. A exigência de compra e venda de veículos básicos nos primeiros anos do contrato é impraticável, dado o prazo médio de financiamentos de frotas (cinco anos). Tal previsão favorece empresas já detentoras da frota, comprometendo a competitividade.”
Além disso, o Sinttracovel (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Cascavel) também apresentou um pedido de impugnação contestando uma cláusula que permite ao Município interferir em questões trabalhistas, como a dispensa de funcionários.


O edital prevê que o ‘Poder Concedente’ poderá exigir das empresas a dispensa de funcionário cuja conduta seja prejudicial ao bom desempenho dos serviços, a qual deverá ser realizada dentro de 48 horas. Além disso, se a dispensa originar ação judicial, o Poder Concedente não terá responsabilidade.

Transitar


A reportagem do jornal O Paraná procurou a Secretaria de Comunicação de Cascavel que informou que a Transitar está analisando todos os pedidos de impugnação com apoio da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e que o processo segue em andamento.

E se a licitação fracassar?

A licitação dos serviços de transporte público coletivo do município de Cascavel é considerada um teste para o fim do mandato do prefeito Leonaldo Paranhos, que tenta implementar o processo desde 2021. Contudo, com novos pedidos de suspensão e as dúvidas sobre o modelo proposto, o risco de uma nova licitação deserta, parece inevitável.Se a licitação fracassar novamente, o município pode ser obrigado a prorrogar os contratos atuais, vigentes até junho de 2025 e a missão do novo contrato ficaria por conta de Renato Silva e Henrique Mecabô, prefeito e vice-prefeito eleito de Cascavel.