
A escolha do vencedor do Nobel da Paz já contemplou processos de paz igualmente promissores: caso da Irlanda do Norte, em 1998, de israelenses e palestinos, em 1994, e do Vietnã, em 1973. Nunca, no entanto, desautorizou uma votação popular. Poderia significar, nesta hipótese, uma afronta à vontade majoritária dos cidadãos.
? A Colômbia está fora de qualquer lista crível ? disse o diretor do Instituto de Pesquisas da Paz, Kristian Berg Harpviken, para quem a vitória do ?não? no país latino-americano reforça o favoritismo da ativista de direitos humanos da Rússia Svetlana Gannushkina, dedicada à causa de refugiados e imigrantes.
Neste contexto, analisa, o tratado de paz colombiano ?e qualquer iniciativa associado a ele? não é sequer um candidato à láurea. A lista de favoritos do pesquisador, que analisou os 376 indicados ao prêmio deste ano, situava a russa na liderança, seguida pelos negociadores da paz na Colômbia.

Na avaliação de Sveen, aniquiladas as chances colombianas, a dianteira agora cabe ao acordo de contenção do programa nuclear iraniano, na figura do secretário de Estado americano, John Kerry, do ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammed Javad Zarif, e da chefe de política externa da União Europeia, Frederica Mogherini.
Dan Smith, diretor do Instituto de Pesquisa sobre a Paz em Estocolmo não descartaria os latino-americanos do páreo, embora considere ?muito improvável? que o país leve o prêmio depois do referendo ? segundo ele, ?um golpe terrível para as perspectivas de paz na Colômbia?.
Membros de todos os parlamentos nacionais, professores de relações internacionais e ex-vencedores, podem fazer indicações ao Nobel da Paz. Na disputa, os especialistas ainda ressaltam os habitantes das ilhas gregas pelo acolhimento dos refugiados, o médico congolês Denis Mukwege, o americano que revelou o sistema de vigilância eletrônica estatal Edward Snowden, e o francês Laurent Fabius, ex-presidente da COP21, que levou ao Acordo de Paris sobre o clima.