Toledo registra há 14 dias queda no número de pacientes ativos, isto é, aqueles que foram contaminados e ainda estão com o novo coronavírus (Sars-Cov-2) em seu corpo. Em 17 de setembro havia 848 pessoas nesta situação e, a partir disso, este número foi, de acordo com o boletim epidemiológico desta quinta-feira (1º/10), reduzido para 542, uma queda de 36,08%.
Desde 24 de setembro a média móvel de novos casos tem sido mais baixa que a de novos casos, revertendo uma tendência que preocupava as autoridades municipais de saúde desde a segunda quinzena de agosto. Nos últimos sete dias, uma proporção de 30 pessoas/dia (queda de 33,33% no período) tiveram diagnóstico positivo para a Covid-19 ao passo que 58,43 pessoas/dia venceram a batalha contra a doença.
A notícia positiva, contudo, não pode ser motivo para atitudes displicentes para com o novo coronavírus. Vale lembrar que quadro epidemiológico semelhante já tinha sido registrado na primeira quinzena de agosto e que este sofreu uma brusca piora na semana seguinte à do Dia dos Pais.
Para que esta melhora seja duradoura, toda a população precisa manter os cuidados que já vêm sendo tomados desde o início da pandemia. “É fundamental manter os ambientes abertos e bem ventilados, fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz o tempo todo, evitar tocar em objetos de uso compartilhado, lavar as mãos com água e sabão várias vezes ao dia, adotar o distanciamento de dois metros quando estiver em locais com muitas pessoas. Enfim, é preciso ter uma nova postura diante de uma nova realidade, uma postura de prevenção e de proteção”, destaca o médico Fernando Pedrotti.
Queda no número de casos pode representar cautela da população
O combate ao novo coronavírus têm percorrido caminhos bastante sinuosos em Toledo, assim como no resto do planeta. Ao analisar a evolução da pandemia no município, os profissionais da Secretaria de Saúde perceberam uma mudança no perfil dos casos contaminados. Essa alteração passa tanto no aspecto das regiões e bairros mais afetados, quanto no aspecto socioeconômico.
As primeiras semanas do mês de setembro, semana 36 (de 30 a 05), semana 37 (de 06 a 12) e a 38 (de 13 a 19) foram registrados um grande número de casos (404, 416 e 415, respectivamente). Já na semana 39, que compreende o período entre os dias 20 e 26 de setembro, esse número caiu para 272. Uma queda de 34,8% no número de novos casos positivos da Covid-19.
“Existe uma tendência de queda, mas não sabemos ainda se ela vai se manter. O número de casos reflete o nosso comportamento, enquanto sociedade. Não tem mágica”, salientou o Porta Voz do Centro de Operações Emergenciais (COE), Médico Fernando Pedrotti. “Desde o dia 18 de setembro não ultrapassamos mais o número de 50 novos casos por dia. Isso ocorreu uma única vez”, acrescentou.
Ao estratificar outras nuances do perfil epidemiológico dos casos confirmados, a Médica Gabriela Kucharski, percebeu uma inversão no número de pessoas da raça preta ou parda, predominante no início da pandemia, para pessoas de raça branca, ao analisar os casos de 26 de julho em diante.
Os gráficos que apresentam os números referentes à escolaridade tiveram alterações, aumentando os percentuais com maior escolaridade, inclusive com casos confirmados em pessoas com ensino superior completo.
Estas informações, somadas aos números crescentes de casos nas regiões do Bairro Pancera, Industrial, Centro, La Salle, entre outros, sugerem em uma análise superficial, que o perfil socioeconômico avançou para pessoas da classe média e média alta. O número de exames positivos advindos da rede particular (convênios, clínicas e hospitais fora do SUS) corroboram com essa tese.
No terreno das especulações, é possível dizer que o somatório dessas informações agregado às ações e decisões do poder público no que tange a fiscalização dos estabelecimentos e publicação de decretos restringindo o funcionamento ou disciplinando a abertura de certos ramos de atividade possa ter contribuído para a assimilação das mensagens insistentemente divulgadas sobre os cuidados a serem tomados: lavar as mãos, uso do álcool em gel, distanciamento ou isolamento social. Medidas que aparentemente surtiram efeito na última semana epidemiológica.
Na mesma semana que registramos queda de 34,8% no número de novos casos, também tivemos a maior alta de óbitos, com recorde de 4 óbitos no mesmo dia. Na Matriz de Risco, Toledo continua com o alerta da Bandeira Laranja, porém mais próxima da Bandeira Vermelha, em função do quadro apresentado.
Os profissionais de saúde estão confiantes e otimistas para que a população realmente contribua e compreenda o momento que estamos passando. A pandemia não acabou e os cuidados devem ser mantidos para podermos combater os efeitos e evitar sua expansão.