PARIS ? A França iniciou nesta terça-feira uma semana de alta tensão com greves e manifestações contra a reforma trabalhista no país. Manifestações de caminhoneiros afetam várias partes da região oeste francesa com bloqueios e piquetes nas estradas. Apesar dos protestos, o governo socialista de François Hollande voltou a defender o pacote de medidas e afirmou que não cederá à pressão.
Segundo fontes, sindicais, cerca de 3 mil pessoas também paralisaram as zonas portuária e industrial em Le Havre, no Noroeste da França. Para os próximos dias, são esperadas paralisações entre os trabalhadores ferroviários, estivadores, marinheiros, carteiros e funcionários de aeroportos de Paris.
Hollande afirmou que não recuará da reforma trabalhista promovida por seu governo, apesar dos protestos nas ruas e da oposição de parte dos próprios parlamentares socialistas. Em entrevista à imprensa local, o presidente se manteve firme na defesa das mudanças que deverão facilitar os procedimentos de contratação e demissão no país. Os sindicatos de transportes temem possíveis cortes salariais pela reforma trabalhista, que também pode implicar na redução do pagamento das horas extras.
? Não cederei ? disse Hollande à rádio ?Europe 1?. ? Esta lei seguirá adiante, porque foi discutida, ajustada, corrigida e passou por emendas.
Ele ainda disse que a polícia não tolerará episódios de violência nas manifestações. Mais de mil pessoas já foram presas em confrontos com a polícia nos últimos meses, segundo o presidente. Mais de 300 pessoas, incluindo policiais e manifestantes, ficaram feridas nos manifestações do mesmo período.
? Quando não nos escutam, precisamos tentar nos fazer ouvir ? afirmou o líder sindical Philippe Martinez na segunda-feira.
O descontentamento social se expressa também nas ruas da capital francesa. Em Paris, uma manifestação foi convoacada para as próximas horas, assim como em outras cidades do país.
Segundo os sindicatos, o objetivo é reativar os protestos iniciados há algumas semanas, após os protestos terem se enfraquecido nos últimos dias. No dia 31 de março, as autoridades contabilizaram 390 mil manifestantes. Já na semana passada, a mesma estimativa ficou em 55 mil pessoas nos protestos.
As organizações sindicais pedem uma retirada total do projeto de lei da reforma trabalhista, já adotado em primeira leitura. Após passar no Senado, o texto voltará à câmara baixa para uma adoção definitiva prevista para antes do fim de julho.
A menos de um ano da eleição presidencial, o governo socialista de Hollande parece politicamente frágil. O presidente é acusado de renegar suas promessas eleitorais após ter optado há dois anos por uma via social-liberal. Com baixos índices de popularidade, ele ainda não anunciou se tentará uma nova candidatura em 2017.