Brasília – A escassez de cédulas de dinheiro no País travou os pagamentos do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais. Faz duas semanas que a Caixa não paga benefícios. É que a liberação da segunda parcela do benefício nessas condições poderia inviabilizar operações do sistema bancário.
Para tentar suprir a demanda, o Banco Central pediu que a Casa da Moeda antecipe a produção do correspondente a R$ 9 bilhões em cédulas e moedas até o fim de maio.
Segundo o BC, vem sendo observado um fenômeno de entesouramento desde o início da pandemia: quando população e empresas guardam essas cédulas, o que pode gerar a falta delas em circulação.
Esse entesouramento seria consequência de três fatores: saques por pessoas e empresas para formação de reservas, diminuição do volume de compras no comércio em geral e porque parcela considerável dos valores pagos em espécie aos beneficiários do auxílio ainda não retornou ao sistema bancário.
No entanto, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou que “não vai faltar dinheiro”. “O que está acontecendo é que muitas das pessoas que estão recebendo dinheiro, e o papel moeda não está voltando para a economia. Estão colocando no bolso ou em casa”.
Na semana passada, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse à Reuters que havia um “problema técnico com as fontes de pagamento” dos fundos, mas negou que houvesse qualquer problema com falta de moeda. “Se, por acaso, houver falta de dinheiro, falta de notas físicas, encontraremos uma maneira de corrigir isso”, disse ele na ocasião.
Auxílio
A Caixa pagou, em abril, R$ 35,5 bilhões em Auxílio Emergencial a 50 milhões de trabalhadores. Desde o início de maio, no entanto, nenhuma nova liberação foi feita. Os trabalhadores que tiveram o benefício aprovado receberam apenas a primeira parcela do benefício.
No dia 20 de abril, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e integrantes do governo federal anunciaram a antecipação da segunda parcela, que seria paga de 27 a 30 de abril. No dia seguinte o presidente Jair Bolsonaro disse que não havia autorizado a antecipação e houve o recuo. Só que até agora nem mesmo o calendário de pagamento desse benefício foi anunciado.
Salários
“Vai faltar dinheiro para pagar servidor público. E tem servidor que quer ter a possibilidade de ter aumento neste ano e ano que vem. Não tem cabimento, não tem dinheiro”, disse o presidente Bolsonaro ontem. “O Brasil está quebrando. E depois de quebrar não é como alguns dizem a economia recupera. Não recupera! Vamos ser fadados a viver um país de miseráveis, como alguns países da África subsaariana”, acrescentou.
Apesar das críticas do presidente, ele ainda não sancionou a lei que autoriza o repasse direto de R$ 60 bilhões a estados e municípios. A polêmica da medida é a ampliação das categorias que ficam fora do congelamento de salários, contrapartida aos estados e municípios imposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. A expectativa é se Bolsonaro vai vetar a ampliação, que teria sido autorizada por ele na Câmara dos Deputados.
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