BRASÍLIA – Um dos três novos votos a favor da cassação da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-ministro das Minas e Energia senador Eduardo Braga (PMDB-AM) disse nesta quarta-feira que teve ?zero de problema e de repercussão negativa? sobre a sua virada de posição na votação dessa madrugada que transformou a petista em ré. Na votação da admissibilidade, já fora do governo, Braga estava de licença médica e não votou. Disse que conversou com a ex-chefe umas três ou quatro vezes de lá para cá, mas quando as questões partidárias se sobrepuseram a sua decisão, ela não o procurou mais.
– Não sou traidor, nem virei meu voto. A repercussão do meu voto ontem foi zero, foi zero de problema nas minhas redes sociais. O pessoal do meu estado entendeu que, pela questão partidária, eu não tinha outra saída. Não tinha mais condições de não votar com o PMDB. Ninguém encarou como traição – disse Braga.
Nesse período, Braga disse que foi procurado pela ex-ministra da Agricultura e hoje senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que junto com o senador Roberto Requião (PMDB-PR) se isolaram no PMDB para ficar ao lado de Dilma. Na conversa, o ex-companheiro de explanada lhe disse que não tinha como ficar isolado no PMDB. Braga disse que o presidente interino Michel Temer e o líder Eunício Oliveira (PMDB-CE) tiveram várias conversas com ele ao longo desse processo, e conduziram a situação com ?muita naturalidade?.
– As pessoas se isolam no partido. Lembro como o PMDB tratava o Jarbas Vasconcelos. Ele podia ter as posições dele contrárias ao partido, mas ficou isolado. Além do quê, que diferença faria o meu voto para Dilma? Não mudaria nada, só o placar, de 21 para 22 votos contra o impeachment – disse Eduardo Braga.
Como Braga, também de licença médica, o senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) não votou na admissibilidade, e ontem votou a favor da continuidade do processo de cassação de Dilma. Ele não foi localizado pelo GLOBO.