Cotidiano

Empregos formais têm o melhor julho em dez anos

Acumulado do ano é o mais elevado em meia década

Toledo – Desde julho de 2008 as seis maiores cidades da região oeste do Paraná (Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Marechal Rondon, Medianeira e Assis Chateaubriand) não geravam tantas ocupações formais como no mês passado. Foi o que revelaram os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta semana.

Embora seja o melhor resultado em uma década, as seis cidades geraram 432 empregos com carteira assinada. Desse total, 235 foram abertos pelo setor serviços; 172 pelo comércio.

Para o economista Marcelo Dias Silva, o crescimento do comércio pode estar associado a um componente que gera preocupação: “Temos observado um movimento de otimismo no comércio, as pessoas se sentem mais confiantes para gastar e isso também reflete nos setores de serviços, por outro lado, a economia não tem reagido como o esperado e também já pudemos observar um movimento crescente no endividamento, mais uma vez. Então são questões que precisam ser analisadas com critério”, alerta.

Para o vice-presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan, o mês passado foi um misto de empolgação com retração que refletiu na economia: “Na média geral, observamos um otimismo maior do consumidor com dias de lojas cheias e de movimento intenso. O que defendemos é o consumo consciente para evitar endividamentos que possam comprometer também a vida do comerciante”.

Outro ingrediente que contribui às contratações no setor no mês passado foi o Dia dos Pais.

Por município

O município que mais empregou no oeste em julho foi Foz do Iguaçu. Sozinho, gerou 257 novas ocupações formais. Na outra ponta está Toledo, que fechou com um dos piores resultados mensais dos últimos 12 meses: fechamento de 273 postos com carteira assinada, resultado provocado pela demissão de 297 trabalhadores da indústria. “Nesse caso específico, existe um grande frigorífico da cidade que vem demitindo de forma considerável desde a operação da Polícia Federal que investigava a contaminação por salmonela no frango”, reforça.

Acumulado

No acumulado do ano, de janeiro a julho, o oeste também teve um bom desempenho: o melhor em meia década.

Em sete meses esses seis municípios colocaram no mercado formal 5.141 pessoas. Relação bem diferente da observada nos sete primeiros meses do ano passado, quando fecharam 494 ocupações formais.

Até agora, o grande empregador do ano é o setor de serviços. O segmento possibilitou, em sete meses, a efetivação de 3.384 pessoas, seguido pela indústria da transformação com 1.611 novas vagas, considerando os seis municípios.

Cascavel e Foz do Iguaçu são as líderes no ano, com 1.973 e 1.374 novas contratações, respectivamente.

Paraná lidera na Região Sul

O Paraná foi o estado da Região Sul que mais criou vagas de emprego no mês de julho, de acordo com dados do Caged.

O Estado apresentou um saldo positivo de 2.485 postos de trabalho (o saldo é a diferença entre os admitidos e os desligados), enquanto os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul tiveram saldo negativo, fechando 241 e 2.657 postos de trabalho, respectivamente.

Esse desempenho coloca o Paraná como o sexto Estado que mais gerou emprego no Brasil em julho e mostra uma recuperação em relação ao mês anterior com um aumento de 13,3% no total de admitidos no Estado, afetado principalmente pela greve dos caminhoneiros.

No acumulado do ano, o Paraná ocupa o quarto lugar no ranking nacional: de janeiro a julho de 2018 foram criadas 34.601 vagas, o que coloca o Estado atrás somente de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Este é o melhor resultado desde 2014.

Entre os setores que mais contribuíram para essa recuperação estão a construção civil, com um saldo positivo de 1.252 novos postos de trabalho; serviços, com 1.074; e o comércio, com 985.

 

Cascavel é destaque estadual

Cascavel foi a nona cidade do Paraná que mais gerou empregos com carteira assinada no mês de julho. Conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, o Município criou mês passado 112 novos postos de trabalho formais, resultado da diferença entre as 3.940 admissões e os 3.828 desligamentos.

Quem puxou as contratações no mês passado foi a indústria da transformação, responsável pela criação de 116 novas vagas – 937 contratações e 821 demissões. Conforme o economista da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) Marcelo Alves, grande parte das formalizações ocorreram na indústria alimentícia, principalmente nas cooperativas. “O setor de alimentos é muito forte na região e isso com certeza fez a diferença na quantidade de empregos gerados em julho. São as cooperativas que vêm dando o tom e apresentando bons resultados”, afirma.

O segmento gerou 211 novos empregos no mês passado, número que, segundo Alves, é bastante expressivo.

O destaque também vai para o setor de serviços, que gerou 82 novas vagas formais de emprego em Cascavel, ao contrário do desempenho registrado em junho, quando o segmento fechou 36 postos de trabalho. Os serviços industriais de utilidade pública também abriram oito novas vagas formais de emprego. Em julho, foram nove admissões e apenas um desligamento.

 

Demissões

Em contrapartida, dos oito setores analisados pelo Caged em Cascavel, cinco demitiram mais do que contrataram em julho. O comércio foi o que fechou o maior número de vagas: 48 no total.

Quem também encerrou o mês passado no vermelho na geração de empregos foram a agropecuária (-19), a construção civil (-15), a administração pública (-10) e a extrativa mineral (-2).

 

Acumulado

De janeiro a julho deste ano, Cascavel gerou 1.973 novas vagas formais de emprego e foram os setores de serviços, indústria da transformação e construção civil que tiveram os melhores desempenhos. No primeiro caso, mais de 1,6 mil postos de trabalho foram criados, enquanto na indústria, 733.

De acordo com o economista Marcelo Alves, foi a produção de carrocerias e de veículos automotores que demandou boa parte da mão de obra do período. Já na construção civil houve 238 formalizações em sete meses.

“Historicamente, temos uma estrutura produtiva muito forte em alguns segmentos e vários deles se encontram em Cascavel e região”, diz o economista, que prevê um cenário de retomada do crescimento na geração de empregos.