Cotidiano

Doenças crônicas são mais comuns entre pessoas empregadas, diz IBGE

RIO — Os problemas crônicos de saúde com maior incidência na população brasileira, como a hipertensão arterial, o colesterol alto e as dores nas costas, são mais frequentes entre as pessoas empregadas do que entre momentaneamente sem ocupação. A constatação está na quarta etapa da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada nesta quinta pelo IBGE.

O levantamento, realizado entre pessoas com 18 anos ou mais de idade, separou os entrevistados em três categorias: ocupados, desocupados e fora da força de trabalho

De acordo com a pesquisa, 15,7% das pessoas com emprego têm hipertensão arterial, quase o dobro registrado entre os desempregados (8,2%). Já as dores crônicas nas costas, que se constituem num dos principais motivos para ausências no trabalho, afligem 16,3% dos brasileiros ocupados e 12,2% dos desocupados, segundo a pesquisa. Além disso, 10,1% dos ocupados e 7,1% dos desocupados afirmaram ter taxas altas de colesterol.

Os mesmos índices sobem significativamente quando se trata do grupo de pessoas fora da força de trabalho, formado majoritariamente por idosos, mas também por estudantes e outras pessoas que não estão em busca de emprego. Nesta parte da população, 32,6% sofrem de hipertensão, enquanto 17,4% têm colesterol alto e 22,8% relatam dores constantes nas costas.

De acordo com a gerente de Pesquisas Domiciliares do IGBE, Maria Lúcia Vieira, ocupados e desocupados ouvidos durante a consulta têm a mesma faixa etária, mas as diferenças entre eles no que diz respeito a esses índices dem bem-estar levam a crer que as pessoas empregadas cuidam menos de sua própria saúde. Um desleixo que pode estar associado ao estresse diário.

— Este índice pode estar associado à correria do dia a dia, ao estresse e à diminuição da atividade física, já que não vemos diferença na qualidade da alimentação (entre ambas as camadas da população) — explica Maria Lúcia.

De fato, enquanto 31,1% dos desocupados praticam o nível recomendado de atividade física (150 minutos por semana), este índice cai para 25,2% entre as pessoas com emprego. O percentual é ainda menor entre os brasileiros fora do mercado de trabalho (16,8%).

A pedido do Ministério da Saúde, o instituto pesquisou pela primeira vez a ocorrência de depressão na população. Uma em cada dez pessoas fora da força de trabalho sofre com a doença. Entre os ocupados e desocupados, este índice é, respectivamente, de 6,2% e 7,5%.

— Acreditávamos que a depressão poderia ter uma relação com o mercado de trabalho, mas, na verdade, sua associação é muito maior com o sexo e a idade dos entrevistados — destaca Maria Lucia. — Pouco mais de 3% dos homens afirmaram ter depressão. O mesmo ocorre com 10,1% das mulheres. Isso é porque elas vão mais a médicos do que eles e têm menos resistência a admitir um diagnóstico voltado à análise mental. A depressão também cresce significativamente a partir dos 40 anos, o que poderia ter relação com variações hormonais.

Das 4,9 milhões de pessoas que sofreram acidente de trabalho em 2013, 12,4% (613 mil) ficaram com alguma sequela ou incapacidade, e 32,9% (o equivalente a 1,6 milhão) deixaram de realizar atiidades habituais. Os acidentes, aliás, eram 2,6 vezes mais comuns entre homens do que entre mulheres.