RIO – Contas atrasadas de água, luz e gás representam 17,9% dos R$ 239 milhões de inadimplência do país, registrado em março de 2016. Trata-se da mais alta participação alcançada pelo segmento desde junho de 2014, quando o levantamento passou a ser feito pela Serasa Experian. Em março do ano passado, as dívidas somavam 15,1% do montante.
O setor, chamado de utilities, ficou em segundo lugar na lista de segmentos com mais contas não pagas do país, atrás apenas de bancos e cartão de crédito, que representaram 27,2% do valor total da inadimplência, em março de 2016, e mantêm o setor como o mais afetado. Em março de 2015, o percentual de participação era de 30,7%.
Em seguida aparecem empresas de telefonia, que detinham 15,1% do total de contas não pagas em março deste ano contra 16,5% em março do ano passado. O varejo alcançou 13,2% do montante de dívidas atrasadas em março de 2016 ante 13,9% no mesmo período do ano anterior.
Além das utilities, outro segmento que ultrapassou os percentuais anteriores foi o de serviços que, pela primeira vez, participou com 11,4% do total dos débitos em aberto. Em março de 2015, serviços registrava 9% do total de contas não pagas no Brasil.
Para o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, os mais afetados com a situação econômica atual do país são aqueles que vivem daquilo que recebem e não fazem nenhum tipo de reserva ou poupança financeira.
? Ao perderem o emprego, essas pessoas não conseguem honrar os compromissos financeiros e caem na inadimplência ? analisa Rabi.
Segundo ele, o crescimento da participação de utilities no ranking da inadimplência entre os setores denota o agravamento da crise, uma vez que os consumidores tendem manter estes pagamentos em dia para não terem a interrupção da prestação do fornecimento.
Estudo da Serasa Experian revelou que, em março, o número de inadimplentes no Brasil chegou a 60 milhões, um recorde desde que a empresa passou a fazer o levantamento, em 2012.