Cascavel - Apesar da boa vontade do cascavelense, dar esmola não é a verdadeira ajuda para as pessoas em situação de rua. A esmola, por vezes, pode financiar as drogas, a bebida alcoólica e manter o cidadão em uma vida sem esperança, nas ruas.
Para oferecer realmente uma chance de mudar de vida, a Prefeitura de Cascavel encabeça a campanha “Sua esmola não ajuda, acione a Abordagem Social”. A ação de caráter educativo visa sensibilizar a comunidade a ajudar sem dar dinheiro, mas acionando o serviço da Abordagem Social, que atende em regime de plantão das 7h às 0h, pelo telefone (45) 98431-6376.
Se você, cidadão, encontrar alguma pessoa em situação de rua, pode ligar em qualquer horário, pois os servidores irão prontamente prestar o atendimento de forma digna e humaniza e oferecer o acolhimento no Albergue Noturno, na Casa Pop e/ou no Centro Pop.
Impasse
Apesar do serviço, há um impasse enfrentado pela Assistência Social. Trata-se da recusa das pessoas em situação de rua em aceitarem o atendimento. Isso porque nos locais de acolhimento é proibido uso de drogas e bebida alcoólica, o que acaba fazendo com que uma significante parcela recuse o serviço.
A campanha foi apresentada hoje (7), para os líderes religiosos e entidades civis, em reunião na Prefeitura. A partir de semana que vem, a ação estará em pontos espalhados pela cidade, nos ônibus, bem como nas mídia e redes sociais.
Oportunidade
O prefeito Renato Silva destaca que Cascavel é uma terra de oportunidades e há vagas de empregos para quem deseja trabalhar e mudar de vida.
“Peço que sociedade nos ajude a trabalhar juntos para resolver esse problema. Como prefeito, penso em fazer, uma gestão justa, para que possamos ajudar verdadeiramente”, pontua.
O secretário de Segurança Pública e Proteção à Comunidade, Coronel Lee explica que a reunião reforça o trabalho que a Operação Resgate, iniciada ontem (6) está realizando no Município, com a oferta de acolhimento, encaminhamentos para trabalho, clínicas terapêuticas e entre outros.
“A reunião é um chamamento da comunidade, da sociedade civil organizada para que venha junto com a gente e eles estejam cientes de toda a gravidade da situação e também nos tragam ideias”, detalha.
A comunidade pode fazer sua parte não doando esmolas, que acaba sendo um risco à própria população, explica o secretário da Sesd (Secretaria Especializada de Cidadania, Proteção à Mulher e Política Sobre drogas), Marcelo Silva.
“Essa doação de esmola, que a população, que eu, que você, doamos para as pessoas na rua, está alimentando o tráfico, está fazendo com que essa pessoa permaneça na rua. Então, hoje, nós estamos aqui para trazer essa conscientização a toda a população de Cascavel”, avisa.
União
O deputado estadual Oziel Luiz, o Batatinha, participou das discussões. “Todos nós temos que nos unir à sociedade civil organizada, principalmente a igreja, e todos nós, para estar nessa discussão, a gente precisa ter uma consciência de que a gente não pode dar esmola. Tenho observado que muitas pessoas ainda praticam o ato de dar esmola para as pessoas em situação de rua. Elas não precisam de esmola. Hoje nós temos uma cidade completamente estruturada que oferece a elas todo e qualquer atendimento que elas necessitam”, recomenda.
Representando o arcebispo, o econômo Gilmer Petry, detalha que a igreja católica faz um trabalho importante na recuperação da população de rua.
“Nossa igreja, como também várias igrejas, têm sempre o intuito de contribuir com o crescimento dessas pessoas. Porque, normalmente, uma pessoa que está em estado de rua ou dependência química, têm uma grande fragilidade, às vezes, uma grande tristeza, depressão. Nós, às vezes, conseguimos identificar e redirecionar isso para que ela possa ter um caminho mais saudável e, de modo especial, que se reconecte às famílias. Porque grande parte dos nossos abandonados, as pessoas de estado de rua, elas têm famílias fixas. Apenas estão passando por um momento difícil, isso também a igreja busca fazer. Nós temos alguns mecanismos internos. Temos a Cáritas Diocesana, temos as pastorais sociais, temos grupos e movimentos internos na igreja que também fazem esse trabalho de ajudar”, frisa.
O pastor da Assembleia de Deus, Paulo Pereira Filho, conta que a igreja evangélica também atua no resgate familiar.
“Há algum tempo nós estamos em Cascavel trabalhando na recuperação dessas pessoas e principalmente na restauração da família. Nós estamos vendo o quanto tem sido difícil o crescimento desses moradores de rua em Cascavel trazendo desconforto para toda a população. É importante nós abrirmos essa discussão para ver se a gente consegue achar uma solução para melhorar”, finaliza.
Fonte: Secom