Itaipu

Barragem de Itaipu tem 'nível excelente' de segurança

Barragem de Itaipu tem 'nível excelente' de segurança

Cascavel – Sempre quando ocorre algum desastre natural no Brasil em relação às chuvas e elevação dos índices pluviométricos, “dispara o alerta” da população lindeira ao Lago de Itaipu, em especial em Foz do Iguaçu e nas cidades fronteiriças de Cidade do Leste (Paraguai) e Porto Iguaçu (Argentina). A tríplice fronteira é adornada pelos rios Paraná e Iguaçu.

A preocupação é diante do risco, mesmo que remoto, de uma ruptura do reservatório, com seus 200 metros de altura e uma vazão descomunal. A pergunta é: existe um plano de contingenciamento emergencial? Para entender melhor sobre o assunto, buscamos esclarecimentos do corpo técnico da usina.

No Rio Grande do Sul, as chuvas torrenciais provocaram o rompimento de diversas barragens (dicks). Claro que não há comparação com a proporção de Itaipu, mas aumento do volume de chuvas, sempre que registrado na região, obriga a hidrelétrica a abrir o vertedouro. A reportagem do O Paraná encaminhou questionamentos à Itaipu em busca de respostas sobre o tema bastante evidente nos últimos dias por conta das cheias do RS.

Normalidade e segurança

Naturalmente, o volume de chuva registrados no Rio Grande do Sul não tem qualquer impacto na bacia do Rio Paraná, que alimenta a Itaipu. De acordo com a hidrelétrica, o nível do reservatório encontra-se próximo da cota 219,80 metros acima do nível do mar, dentro dos limites de normalidade e segurança operacional. A afluência ao reservatório está na faixa de 5 a 6 mil m³/s, abaixo da média para o período.

A Itaipu classifica a barragem como “altamente segura”, sendo permanentemente monitorada. Essa foi uma prioridade desde a fase de concepção até a conclusão e manutenção da obra, segundo a nota encaminhada. “A Itaipu utiliza as melhores práticas internacionais de segurança de barragens. A barragem possui cerca de três mil instrumentos que permitem monitorar diversos aspectos do seu comportamento e fazem da Itaipu uma das usinas mais bem equipadas do planeta para a segurança de barragem”, informou a comunicação da Itaipu.

A usina possui uma equipe própria de especialistas em segurança na barragem, formada por técnicos e engenheiros brasileiros e paraguaios, incluindo mestres e doutores no tema, que faz o monitoramento contínuo das condições das barragens por meio da instrumentação e de inspeções visuais, bem como realiza análises do comportamento estrutural da barragem e demais estudos específicos a ela relacionados.

Avaliação internacional

A cada 4 anos, Itaipu é avaliada por um ‘board’ de consultores internacionais, constituído de especialistas em engenharia de grandes barragens, alguns dos quais participaram do próprio projeto da barragem de Itaipu. Eles avaliam as condições atuais das estruturas e as ações implementadas pela Itaipu, e recomendam quaisquer ajustes que considerem necessários.

Na sua mais recente avaliação, no fim de novembro de 2022, o Board de Consultores Civis concluiu que o desempenho em termos de segurança estrutural e física da usina de Itaipu continua em nível excelente após 40 anos desde o primeiro enchimento.

O vertedouro de Itaipu é uma importante estrutura para a segurança da barragem e foi dimensionado para uma vazão decamilenar, ou seja, uma cheia com uma probabilidade de ocorrência de apenas 0,01%. Ele possui três calhas e 14 comportas, e sua capacidade total de descarga é de 62.200 m³/s (cerca de 40 vezes a vazão das Cataratas do Iguaçu). Como referência, o maior valor de afluência (vazão de água que chega na usina) registrado em Itaipu foi de 39.790 m³/s, em 16 de junho de 1983. Esse valor teve como causa a ocorrência de uma sequência de meses com precipitação acima da média na bacia do Alto Paraná (regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil).

A Itaipu tem uma vazão afluente bastante regularizada, pois se encontra em uma bacia de alta regularização, uma vez que existem mais de 60 reservatórios a montante (rio acima) da usina, dentre os quais 31 possuem capacidade de regularização de vazões (armazenamento de água). Devido à extensa área da bacia do rio Paraná e à existência desses vários reservatórios a montante de Itaipu, os efeitos das precipitações e os impactos dessas chuvas no reservatório de Itaipu são minimizados.

Excesso de chuva

Itaipu possui uma equipe própria de hidrologia, composta de profissionais técnicos, de meteorologia e engenheiros brasileiros e paraguaios que trabalha ao longo dos sete dias da semana, realizando o monitoramento da bacia hidrográfica de Itaipu por intermédio de um Sistema de Telemetria Hidrometeorológica, composto por mais de 50 postos de medição de chuva e de nível dos rios. Com base nesses dados e em modelos hidrometeorológicos, a equipe realiza a previsão de vazões com horizonte de alguns dias à frente, o que possibilita a antecipação de eventos de cheia e garante tempo hábil para a tomada de ações.

A usina possui uma sistemática que estabelece cotas de inundação de acordo com o nível registrado no Rio Paraná a jusante (abaixo da usina) de Itaipu e as respectivas ações a serem tomadas, para cada cota, pelas diversas áreas de Itaipu envolvidas nessa sistemática.

Caso se configure uma situação de possibilidade de cheia, essa sistemática determina a mobilização imediata de uma Comissão Especial de Cheias, uma equipe multidisciplinar formada por profissionais brasileiros e paraguaios de diferentes áreas da empresa, que possuem formação específica e experiência para a implementação de todas as medidas necessárias nessas situações. Essa equipe permanece mobilizada diuturnamente enquanto durar a situação de cheia e é responsável por interagir com os diversos órgãos governamentais, brasileiros e paraguaios, de forma a se adotarem as estratégias necessárias para mitigar os impactos da cheia, bem como garantir a segurança da barragem e manter a produção de energia para o Brasil e Paraguai.

As informações do estado atual e das projeções dos níveis do rio Paraná a jusante de Itaipu podem ser acessadas no Boletim Hidrológico, atualizado diariamente e disponibilizado no site aberto de Itaipu (www.itaipu.gov.br).

Áreas de impacto

De acordo com a Itaipu, o único possível impacto das variações do nível do reservatório de Itaipu nesse sentido ocorreria nas áreas próximas às suas margens, ou seja, em regiões de balneário (ou prainhas). No entanto, devido ao reservatório de Itaipu possuir pouca variação de nível e sempre ter se mantido dentro dos limites operativos ao longo de seus 40 anos de produção de energia, não há registro de alagamentos provocados pela operação do reservatório de Itaipu.

Maior volume ocorreu há nove anos

 O maior valor acumulado de precipitação sobre o reservatório de Itaipu no período 1997-2024 ocorreu em dezembro de 2015, com 576 mm ao longo de todo aquele mês registrados na estação meteorológica de Guaíra (Simepar).

Itaipu é uma usina cujo reservatório não é do tipo de acumulação, que são aqueles que reservam água de uma estação chuvosa para uma estação seca. Toda a vazão afluente (água que chega à usina) que não é utilizada para a produção de energia é descarregada pelo vertedouro. Consequentemente, Itaipu possui uma reduzida faixa de variação do nível do seu reservatório, o qual pode variar entre as cotas 216 e 220,50 metros sobre o nível do mar dependendo da disponibilidade de água e das necessidades energéticas dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio. Nesse contexto, a variação do nível do reservatório de Itaipu está mais relacionada com aspectos energéticos do que com as precipitações na região do reservatório.

Campanha em prol do Rio Grande do Sul

Itaipu fez e está fazendo várias ações para ajudar as famílias vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Entre elas, enviou para o Estado gaúcho oito bombeiros do quadro próprio, além de viaturas, quatro embarcações, uma moto aquática e materiais de resgate, como cordas e coletes salva-vidas. Os barcos de pequeno porte de borracha são ideais para retirar pessoas de áreas de difícil acesso, como o interior de residências e locais com pouca profundidade, onde embarcações maiores não podem chegar.

Internamente, a empresa lançou a Super Campanha Solidária 2024. A ação está atrelada à tradicional Campanha do Agasalho, realizada pelo programa Força Voluntária todos os anos. Mas, nessa edição, pela primeira vez, a iniciativa conta com esforços da Binacional e de suas fundações: o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), a Fundação Itaipu Brasil de Previdência e Assistência Social (Fibra) e o Hospital Ministro Costa Cavalcanti.  No domingo (19), o show do cantor e compositor Jão teve caráter solidário. O público pôde fazer doações para as famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Essa ação arrecadou 11,5 mil itens, como roupas, calçados, alimentos não perecíveis, água e produtos de higiene pessoal e ração de animais, entre outros. Os donativos foram levados por um caminhão de Itaipu para o estado gaúcho.