CAPITÃO

Baixo Iguaçu: Atingidos recorrem a comissões dos direitos humanos

O relatório da situação enfrentada há anos pelas 40 famílias restantes será debatido no encontro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos

O relatório da situação enfrentada há anos pelas 40 famílias restantes será debatido no encontro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos
O relatório da situação enfrentada há anos pelas 40 famílias restantes será debatido no encontro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos

Cerca de 40 famílias de atingidos pela Barragem do Baixo Iguaçu, em Capitão Leônidas Marques, cidade distante 72,4 quilômetros de Cascavel, ainda aguardam indenização da empresa Neoenergia, por conta do alagamento de suas áreas agricultáveis para formação do reservatório. Para ter uma dimensão da realidade atual e iniciar a formulação do relatório, uma comissão participará de uma reunião na sexta-feira (7), em Capitão Leônidas Marques. Vão participar os atingidos de Capitão, Capanema e cidades adjacentes.

Após elaborado, o relatório da situação enfrentada há anos pelas 40 famílias restantes será debatido no encontro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, programado para os dias 20 e 21, em Londrina, no Norte do Paraná. Posteriormente, o mesmo conteúdo será direcionado para o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, para que o documento seja enviado para diversas entidades na Europa, uma vez que a Neoenergia conta com a parceria de várias empresas espanholas que desconhecem a realidade vivida pelos atingidos pela barragem do Baixo Iguaçu.

“A ideia principal dos encontros é pedir respaldo da Comissão Internacional dos Direitos Humanos”, comenta o vereador por Capitão Leônidas Marques, Valmir Lucietto, em entrevista concedida à reportagem do Jornal O Paraná. A reunião em Capitão Leônidas Marques, na sexta-feira, contará também com a participação de membros da Comissão Estadual dos Direitos Humanos.

A espera pela indenização dessas 40 famílias já dura uma década, desde a concepção da usina, administrada pelo Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, formado pela Neoenergia e pela Copel. A usina está localizada no Sudoeste do Paraná, entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques. A área do reservatório também abrange os municípios de Realeza, Planalto e Nova Prata do Iguaçu.

Desde 2013

Pelo cronograma, o início do canteiro de obras se deu em 2013. Em 2016, ocorreu a implantação do vertedouro e da casa de força. Em 2017, montagem das comportas e início da construção da barragem e em 2019, o início das operações.

Conforme informações apuradas com a comissão montada pela Câmara de Capitão, primeiramente, foram indenizados os proprietários das áreas e uma segunda etapa, envolveria os filhos e os arrendatários. E foi justamente nesse ponto em que se criou todo o imbróglio que se arrasta há anos. “Ao longo do processo, a empresa criou outros processos de forma a desenquadrar os filhos e os arrendatários, não lhe garantido o direito a indenizações”, relata o vereador. Entretanto, os atingidos estão amparados por documentos.

A ação que tramita na Justiça contra a empresa foi movida pelo Ministério Público e Defensoria Pública do Paraná. Dias atrás, uma comissão esteve em Brasília pedindo a intervenção, mas pouco se evoluiu.

Na época, foi criado o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), que existe até hoje, mas que tem defendido questões pontuais, como a realização de estradas e outros avanços.

A comissão do Legislativo é composta pelos vereadores Valmir Lucietto, Cleudes dos Santos e Claudecir Alves da Silva.

Crédito da foto: Copel