Recorde

Exportações não param de subir em meio à preocupação com os gargalos logísticos

Exportações não param de subir em meio à preocupação com os gargalos logísticos

Cascavel – As exportações de proteína animal brasileira vêm quebrando recorde sobre recorde. Mas a pergunta que não quer calar é: Será que o Brasil está realmente pronto e preparado logisticamente para escoar toda essa produção com qualidade e segurança? Essa pergunta foi respondida pelo presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, em recente agenda cumprida no Paraná com passagem por Cascavel.

Em entrevista coletiva concedida à imprensa e com participação do Jornal O Paraná, Santin admitiu que esse gargalo logístico já existe e vários são os problemas existentes. “Estamos quatro gerações de navios atrasados. Tem navio de duas gerações que não consegue entrar no Brasil por conta da atual estrutura de navegação, porque não tem berço e nem calado suficiente”, revela. “Mas isso é algo que podemos resolver com o tempo”, emendou. O berço é o local onde o navio se posiciona para fazer o embarque e o desembarque de cargas em um porto. Já o calado é a distância entre a quilha de um navio e a linha d´água. É a profundidade que o casco do navio está submerso.

O aumento das exportações de proteína animal em fevereiro é significativo. Destaque para o crescimento de 17,9% na carne de frango e de 17% na carne suína, um recorde para o período analisado. A demanda por carne aumentou em todo o mundo e o Brasil tem se favorecido. As questões sanitárias têm exercido forte influência no mercado internacional. O Brasil está livre de influenza aviária e da peste suína africana, duas doenças com muitas incidências de casos confirmados em todos os cantos do mundo. “Nosso trabalho preventivo é exemplar e tem aberto oportunidades de negócios para o Brasil”, disse Santin.

Rodovias e ferrorias

Na avaliação do presidente da ABPA, ainda falta para o Brasil um modal eficiente de escoamento, composto por ferrovia e principalmente rodovias. “Nosso motorista de caminhão precisa transitar com mais segurança e não fica à mercê da sorte por conta das más condições estruturais, podendo causar problemas mecânicos e até mesmo a perda de pneus ao longo do percurso”.

É preciso também dar mais condições para o trabalho dos auditores fiscais federais, conforme Santin. Segundo ele, é isso que tem se buscado com a nova legislação ainda em trâmite em Brasília, com mais instrumentação e a inteligência artificial como aliada nos procedimentos para o melhor desembaraço das cargas. “Não estamos com os olhos fixados somente para o amanhã, mas sim para o futuro, a partir do aumento populacional mundial para mais 2 bilhões de pessoas”.

PROTAGONISMO

Para Ricardo Santin, o Oeste do Paraná é protagonista na produção e exportação de proteínas do Brasil. Segundo ele, 40% de toda a produção de aves é paranaense e 42% da exportação de aves tem o Paraná como responsável. Em relação aos suínos, o Paraná é o segundo maior exportador. “Tamanha relevância faz do Paraná um dos modelos em biossegurança alimentar. O Paraná ajuda e muito o nosso fornecimento também para o mercado interno e grandes centros consumidores, como São Paulo, Rio de Janeiro e vários outras capitais”. Tudo isso é creditado principalmente às cooperativas paranaenses. Das 10 maiores do País, cinco estão no Oeste do Paraná (C.Vale, Copacol, Lar, Coopavel e Frimesa).

Se o Paraná responde por 40% do frango exportado, muito se deve ao Oeste do Paraná. A região exporta 35% das aves e Cascavel conta com o maior plantel avícola do País, nas palavras do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que também participou da coletiva.