INDIGNAÇÃO

“Desorganização e ineficiência”: Governo Lula adia lançamento do Plano Safra para organizar evento

Plano Safra adiado
Governo Lula adiou o Plano Safra e causou indignação do setor produtivo. Foto CNA

Mais uma vez, o Governo Federal tratou de jogar um balde de água fria na expectativa do setor produtivo brasileiro. Inicialmente previsto para ser anunciado nesta quarta-feira (26), os recursos do Plano Safra serão apresentados apenas no dia 3 de julho, ou seja, daqui a uma semana. A informação foi dada ontem (25), pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

A indignação dos produtores rurais e das entidades representativas do segmento foi imediata e unânime, com as principais entidades do setor divulgando notas de repúdio. Uma das primeiras a se manifestar, a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) emitiu nota à imprensa, lamentando “profundamente” o adiamento do Plano Safra 2024/25. Segundo ela, trata-se de uma “total desorganização e ineficiência do governo federal”.

A FPA chama a atenção ainda para uma informação relevante: os produtores vão ficar sem a cobertura do Plano Safra durante a primeira semana. Isso quer dizer: os principais gargalos presentes na proposta inicial vão precisar ser ajustados, levando mais tempo para a disponibilidade do crédito real direcionado ao setor produtivo.

Apesar da crise enfrentada pelo setor produtivo, ampliada pelos impactos provocados pelas intempéries climáticas e condições de mercado de preços em baixa para as commodities soja e milho, o governo federal opta em tomar essa decisão, deixando o campo ainda mais apreensivo. “Entendemos que o momento é urgente e requer isonomia governamental para que possamos enfrentar os desafios de continuar contribuindo com grande parte do PIB brasileiro, da geração de emprego e renda, além do alimento de qualidade e sem inflação na mesa do brasileiro”, destaca a nota da FPA.

No ano passado, o governo federal liberou o montante de R$ 364,2 bilhões para o Plano Safra, em linhas de crédito e incentivo de políticas agrícolas. Adiado, a expectativa agora é por recursos na faixa de R$ 500 bilhões. Enquanto isso, o governo federal ainda não sinalizou e ainda não teria definido qual seria o valor a ser anunciado.

FAEP repudia

A FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), também emitiu nota de repúdio pelo adiamento. “O Sistema Faep/Senar-PR considera um desserviço o adiamento, por parte do governo federal, do lançamento do Plano Safra 2024/25, antes previsto para ocorrer nesta quarta-feira (26). Essa mudança tem impacto direto no planejamento de milhares de agricultores e pecuaristas do Paraná e dos demais Estados, já que a safra começa oficialmente no dia 1º de julho. Desta forma, produtoras e produtores rurais vão começar a temporada em meio às incertezas”.

A ausência da definição de recursos e regras do Plano Safra 2024/25, segue a nota, “gera problemas adicionais aos produtores rurais do Paraná, que já convivem com dificuldades na tomada de crédito junto às instituições financeiras em função da falta de análise do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e também por conta da falta de recursos destinados ao PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), para subsidiar as apólices”.

Cerimônia para fotos?

“Está tudo certo. Não dá para preparar uma entrega como a gente vai fazer, uma entrega bonita para vocês tirarem fotos maravilhosas. Não dá para preparar de hoje para amanhã. Então ganhamos uma semana para a preparação do evento”, desconversou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

Conforme informações de bastidores, o adiamento ocorreu porque o governo ainda não havia tido a confirmação da presença de produtores rurais em evento no Palácio do Planalto. Tudo por conta da insatisfação do setor com as políticas anunciadas até agora pelo governo como apoio ao agronegócio brasileiro.

No mês de abril, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), reivindicou um aumento de 30% dos recursos para financiamentos do Plano Safra 2024/25. Ou seja, o aporte de recursos seria da ordem de R$ 570 bilhões.

Presidente da SRO diz que governo “só quer saber de aumentar impostos”

O presidente da SRO (Sociedade Rural do Oeste do Paraná), Devair Bortolato, o Peninha, também não poupou críticas sobre o adiamento da data para anúncio do Plano Safra. “É mais uma atitude de desmando de um governo incompetente”. Segundo Peninha, depois do lançamento foi feito há um ano, o governo tinha todo tempo para programar o próximo plano. “Já tivemos quatro colheitas de lá para cá na região Sul do Brasil e eles [governo federal] não conseguem apresentar uma estatística de quanto é necessário”.

Conforme o presidente da SRO, o Governo Lula não está nem um pouco preocupado com o setor produtivo, ao contrário, pensamento fixo de aumentar os impostos. Peninha diz ter orgulho de ser brasileiro, mas sente vergonha de ver seu país governado “por um incompetente e incapaz, que só conta mentira”. O líder da SRO afirma que o governo federal precisa reduzir gastos, alcançar o controle fiscal, entretanto, costumam fazer o contrário. “Não fico surpreso por esse adiamento. Só vem a comprovar a incompetência do governo petista”.