Agronegócio

Com previsão de falta de soja para exportação, preço dispara

A projeção era de que a América do Sul colhesse um total de 192 milhões de toneladas

24/02/2021 - Cascavel, colheita de Soja
24/02/2021 - Cascavel, colheita de Soja

 

Cascavel – Por um lado o produtor rural está colhendo e amargando prejuízos na lavoura de soja que sofreu com a estiagem e aponta uma quebra considerável na estimativa da produção. Por outro, o mercado financeiro começa a apontar os reflexos desta quebra e, conforme a lei da oferta e da procura, o preço da saca de soja disparou esta semana, chegando a R$ 180,00, reflexo de menor venda para o mercado externo, ou seja, a queda na exportação.

O engenheiro agrônomo e produtor rural, Modesto Daga, em conversa com a reportagem do Jornal O Paraná, explicou a mudança do mercado diante do atual cenário. De acordo com Daga, os três países que detêm 85% das exportações mundiais são o EUA, Brasil e a Argentina. O país vizinho, para se ter uma ideia, é responsável por mais de 50% do óleo e do farelo de soja que é exportado.

A projeção era de que a América do Sul colhesse um total de 192 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, a previsão era de 119 milhões, o que se confirmou, já que a colheita americana foi em meados de setembro. Já a estiagem que atingiu fortemente o Brasil, principalmente os estados da região sul, entre eles, o Paraná, apontando uma quebra total de produção de 35%. “Somente o Brasil tinha uma expectativa de colheita de 140 milhões, mas a perda é muito grande”, disse.

Conforme o engenheiro, se o Brasil tiver uma colheita inferior a 136 milhões terá que cortar a exportação porque, caso contrário, acaba criando um problema interno que tem um impacto muito maior. “Diante disso, para alertar que o produto vai faltar, a primeira medida é o aumento no preço”, explicou, reforçando que a soja é comandada pela a bolsa de Chicago, que faz essa cotação internacional, calcula em dólar e isso reflete internamente no Brasil.

Conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural) o preço da soja está alto desde o ano passado. No fechamento, em janeiro, o preço médio pago ao produtor ficou em R$ 164,95, alta de 9% quando comparado a janeiro de 2021.  Já nesta semana, os preços giraram em torno de 176,00 a saca de 60 kg, alta de 5% comparado a semana anterior, e de 7% ao fechamento de janeiro.

 

Quebra de 39%

Dados do último boletim do Deral, apontam uma redução em 39% na produção de soja no Paraná para a safra 2021/22, em relação ao potencial estimado, um prejuízo que deve atingir a casa dos R$ 30 bilhões no estado. A soja corresponde a mais de 90% da área plantada de grãos no Estado do Paraná.

A safra de soja paranaense teve um avanço na colheita nesta semana e chegou a 11% da área total, estimada em 5,6 milhões de hectares. A produção obtida no campo até agora está abaixo da expectativa inicial e, em algumas regiões, as perdas superam 50%. Das lavouras a colher, 36% têm condição boa, 33% condição mediana e 31% ruim.